Tudo foi publicado muito rapidamente e o que acreditávamos saber sobre hipertensão (HTA) também mudou de forma veloz. Uma das principais discordâncias entre os guias americanos e os europeus sobre HTA está no fato de considerarem ou não considerarem hipertensos aqueles sujeitos com cifras entre 130/139 e 80/89. O único lugar onde se podia conseguir a quantidade suficiente de pacientes nestes níveis era na China e embora se trate de uma população claramente diferente da nossa da América Latina, este trabalho pôde responder a algumas perguntas.
O efeito de considerar hipertensos os pacientes na faixa de tensão anteriormente mencionada, segundo os guias americanos, é observado em uma diminuição do risco cardiovascular naqueles pacientes jovens ou de idade mediana, mas não se observa nenhum benefício naqueles com 60 anos ou mais.
Este trabalho incluiu 21.441 pacientes com uma idade a partir dos 35 anos e sem doença cardiovascular quando foram incluídos no registro. Toda a coorte foi seguida por 20 anos e calculou-se o risco para doença cardiovascular que poderia ser atribuído ao novo grau 1 de HTA.
Leia também: As novas diretrizes europeias de hipertensão contrastam com as americanas.
Aqueles pacientes entre 35 e 59 anos com HTA grau 1 mostraram quase o dobro de risco quando comparados àqueles com uma tensão arterial < 120/80 (HR para doença cardiovascular 1,78, IC 95%, 1,50 a 2,11), o aumento do risco especificamente para doença coronariana foi similar (HR 1,77, IC 95%, 1,33 a 2,36), o aumento de risco nos AVC foi algo mais alto (HR: 1,79, IC 95%, 1,45 a 2,22). De maneira preocupante, a mortalidade cardiovascular mais que se duplicou (HR: 2,50, IC 95%, 1,66 a 3,77).
A proporção de mortes cardiovasculares e eventos em geral atribuíveis ao grau 1 de HTA entre os participantes de entre 35 e 59 anos foi de 26,5% e de 13,4%, respectivamente.
Para aqueles pacientes com 60 anos ou mais, contudo, observou-se um risco maior entre cifras < 120/80 e o novo grau 1 de HTA.
Leia também: Novos guias de Hipertensão Arterial.
Em um período de 15 anos, 65% dos pacientes jovens com grau 1 evoluíram com cifras de 140/90 mmHg ou maiores e mostraram um risco três vezes maior que os restantes 35% que se mantiveram com menos de 130/80.
Conclusão
O efeito de considerar hipertensos aqueles indivíduos com cifras de tensão arterial de entre 130/139 e 80/89 mmHg (grau 1 dos guias ACC/AHA) se observou somente em pacientes jovens ou de idade mediana, ao passo que os de 60 anos ou mais não mostraram associação entre ditas cifras e seu risco cardiovascular.
Título original: Long-Term Cardiovascular Risk Associated With Stage 1 Hypertension Defined by the 2017 ACC/AHA Hypertension Guideline.
Referência: Yue Qi et al. J Am Coll Cardiol 2018;72:1201–10.
Receba resumos com os últimos artigos científicosSubscreva-se a nossa newsletter semanal
Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.