Mismatch protético em válvulas supra-anulares e intra-anulares

Segundo este trabalho que proximamente será publicado no J Am Coll Cardiol Intv., a válvula autoexpansível se associou a menor taxa de mismatch protético em comparação com a válvula expansível por balão, para além da área do anel. Esta diferença foi conduzida basicamente pelos pacientes com maior superfície corporal (> 1,83m²).

Mismatch protésico en válvulas supra anulares y en válvulas intra anulares

O mismatch protético tem sido associado a um aumento da mortalidade após o implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) e também após um implante cirúrgico. 

Até agora não havia dados precisos da frequência e, menos ainda, uma comparação entre as válvulas anulares (autoexpansíveis) e as intra-anulares (expansíveis por balão). 

Para esta análise foram incluídos 757 pacientes entre 2007 e 2017 tratados com a válvula autoexpansível (CoreValve, Evolut R) e com a válvula expansível por balão (SAPIEN THV/XT/3).


Leia também: Discordância entre iFR e FFR: qual dos dois é o mais importante?


O mismatch foi classificado – de acordo com o orifício valvar efetivo no momento da alta hospitalar em relação à superfície corporal do paciente – em severo (< 0,65 cm²/m²) ou moderado (0,65 a 0,85 cm²/m²) para a população geral e em severo (< 0,60 cm²/m²) ou moderado (0,60 a 0,90 cm²/m²) para a população obesa (índice de massa corporal ≥ 30kg/m²).

O propensity score foi utilizado para comparar as populações, obtendo-se 224 pares de pacientes com características basais similares.

No momento da alta, a prótese autoexpansível apresentou uma incidência muito menor de mismatch em comparação com a balão-expansível (mismatch 33,5% vs. 46,9%, p = 0,004; mismatch severo 6,7% vs. 15,6%, p = 0,003). Esta diferencia observada na população geral foi muito mais acentuada na população obesa. Ao considerarmos somente a população não obesa a diferença deixa de ser significativa, o que nos leva a concluir que o resultado da população geral está induzido pelo resultado da população obesa. 

Pelo menos em um ano o mismatch não impactou na mortalidade cardiovascular nem na classe funcional. 

Conclusão

A válvula autoexpansível se associou a uma menor taxa de mismatch que a válvula expansível por balão, sem importar a área do anel. Tal diferença esteve conduzida basicamente pelo grupo de pacientes de maior superfície corporal (superfície corporal > 1,83 m²).

Título original: Prosthesis-Patient Mismatch Following Transcatheter Aortic Valve Replacement With Supra-Annular and Intra-Annular Prostheses.

Referência: Taishi Okuno et al. J Am Coll Cardiol Intv 2019, article in press.



Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...