Os eventos cerebrovasculares pós-TAVI podem ser especialmente graves

Os AVC não parecem se relacionar com a trombose valvar ou com a degeneração estrutural mas sim com um maior risco basal nos pacientes que recebem TAVI. 

Efectos de la radiación cerebral en Cardiólogos Intervencionistas

Aproximadamente 1 de cada 20 pacientes que receberam implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) apresentaram um AVC ou um acidente isquêmico transitório no seguimento. Conforme os resultados desta nova análise, as consequências de ditos eventos podem ser especialmente catastróficas nessa população. 

A maioria dos AVC tardios observados foram incapacitantes e quase um terço dos pacientes faleceram na internação. 

Enquanto nos perguntamos como mitigar o impacto desses eventos, também aparecem algumas certezas. A análise do seguimento ecocardiográfico estava disponível em 58% da população no momento do AVC e de nenhuma maneira sugere que os eventos poderiam estar relacionados com a trombose da valva ou com sua degeneração. 


Leia também: Coração e cérebro: fatores de risco, fibrilação atrial e demência.


Em tal sentido, o presente trabalho lança alguma luz sobre a trombose valvar. A enorme maioria dos AVC ocorreram após um ano ou ainda mais tarde, motivo pelo qual é pouco provável que o mecanismo seja a trombose, sobretudo pelo fato de sabermos que o pico deste evento é nos primeiros dias ou semanas. 

Dentre os 3750 pacientes que receberam TAVI e sobreviveram para além dos 30 dias, 192 (5,1%) apresentaram um evento cerebrovascular tardio definido por critério VARC-2 em uma média de 16 meses após o procedimento inicial. 80% dos AVC foram isquêmicos e o os outros 20% foram hemorrágicos. 

Os AVC causaram deficiência em 70% da população e os outros 30% perderam a vida na internação. Estes resultados catastróficos parecem ser piores que em uma população geral de similar idade e aqui as comorbidades parecem ser um ponto crucial a levar em consideração. 


Leia também: MR CLEAN Registry: “tempo é cérebro” é muito mais acertado que “tempo é miocárdio”.


O maior preditor de um AVC tardio pós-TAVI foi o antecedente de um AVC prévio. 

Título original: Late cerebrovascular events following transcatheter aortic valve replacement.

Referencia: Muntané-Carol G et al. J Am Coll Cardiol Intv. 2020; Epub ahead of print.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

Fibrilação atrial após oclusão percutânea do forame oval patente: estudo de coorte com monitoramento cardíaco implantável contínuo

A fibrilação atrial (FA) é uma complicação bem conhecida após a oclusão do forame oval patente (FOP), com incidência relatada de até 30% durante...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...