Fragilidade e sangramento: como impactam nos resultados do tratamento da valva aórtica?

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

É bem conhecido o fato de tanto o TAVI quanto a cirurgia de substituição valvar aórtica gerarem sangramento (entre 15% e 22% para o primeiro e entre 22% e 44% para a segunda).

Sangrado y mortalidad en el reemplazo valvular aórtico por catéter

Um grupo particular é o dos pacientes frágeis. Não está analisado de forma cabal qual é seu verdadeiro risco e a mortalidade com cada uma das estratégias. 

Foi feita uma subanálise do estudo FRAILTY-AVR, que incluiu 1195 pacientes frágeis, dentre os quais, 747 foram submetidos a TAVI e 448 a cirurgia de substituição valvar aórtica. Destes últimos, 238 foram submetidos, ademais, a CRM (cirurgia combinada) e comparou-se os que apresentaram sangramento maior ou que ameaçava a vida com aqueles que não o apresentavam em ambas as estratégias. 

A idade média foi maior nos pacientes que receberam TAVI (83 anos vs. 77 anos) bem como o STS: 6,1 vs. 3,4. 

Os que receberam TAVI apresentaram menos sangramento que ameaçava a vida (3% vs. 8%), sangramento maior com clínica de fonte aparente (6% vs. 10%) e sangramento maior sem clínica de fonte aparente (9% vs. 31%). Além disso, tiveram menor necessidade de transfusão (0,9 unidades vs. 2,8 unidades). Os pacientes que receberam CRM concomitante apresentaram maior taxa de sangramento. 


Leia também: Diretrizes “transitórias e de emergência” para infartos durante a pandemia.


A mortalidade em 30 dias foi maior nos pacientes que apresentaram sangramento para ambas as estratégias. 

No primeiro ano de seguimento o sangramento maior se associou a um aumento de 3 vezes da taxa de mortalidade, tanto no TAVI (36% vs. 14%; odds ratio: 3,40; 95% confidence interval: 2,22 a 5,21) quanto na cirurgia (11% vs. 4% odds ratio: 2,79; 95% confidence interval: 1,25 a 6,21).

Conclusão

A fragilidade se associa a sangramento maior pós-procedimento em idosos submetidos a TAVI ou cirurgia valvar aórtica e a maior mortalidade a médio prazo. 

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

Título Original: Frailty and Bleeding in Older Adults Undergoing TAVR or SAVR Insights From the FRAILTY-AVR Study.

Referência: Melissa Bendayan, et al. J Am Coll Cardiol Intv 2020;13:1058–68.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Tratamento percutâneo da insuficiência mitral funcional atrial

A insuficiência mitral (IM) por dilatação atrial funcional (AFMR) é uma afecção que representa aproximadamente um terço dos casos de insuficiência mitral, associando-se com...

Subexpansão da ACURATE Neo2: prevalência e implicações clínicas

O implante percutâneo da valva aórtica (TAVI), para além de ter demonstrado benefícios clínicos sustentáveis em diversas populações de pacientes, ainda enfrenta alguns desafios...

Gradientes pós-TAVI e as consequências de sua mensuração: são equiparáveis a medição invasiva e a ecográfica?

O implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) é considerado o tratamento de escolha em uma porcentagem significativa de pacientes com estenose aórtica sintomática. Seus...

Implante valvar percutâneo da valva tricúspide. Lux-Valve

A insuficiência tricúspide (IT) é uma entidade que se associa a uma má qualidade de vida, frequentes hospitalizações por insuficiência cardíaca e um aumento...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Veja as melhores imagens das Jornadas Uruguai 2025

Aproveite os melhores momentos das Jornadas Uruguai 2025, realizadas no Hotel Radisson de Montevidéu (Uruguai) nos dias 7, 8 e 9 de maio de...

Tratamento percutâneo da insuficiência mitral funcional atrial

A insuficiência mitral (IM) por dilatação atrial funcional (AFMR) é uma afecção que representa aproximadamente um terço dos casos de insuficiência mitral, associando-se com...

Tabagismo e seu impacto na doença cardiovascular 10 anos depois de uma angioplastia coronariana

O tabagismo é um fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares ateroscleróticas. Alguns relatórios históricos sugeriram, no entanto, um menor...