Este trabalho nos traz evidência de que a reabilitação cardíaca baseada na ioga melhora a sensação dos pacientes sobre sua saúde e reduz os tempos para que eles regressem às atividades que realizavam antes de apresentar o infarto. A afirmação anterior é um dado importante que chega no melhor momento possível.
A pandemia por Covid-19 obstaculizou em grande parte nossa atenção aos pacientes cardiovasculares, o que se traduz em toda uma cadeia de interrupções, desde a redução da possibilidade de oferecermos angioplastia primária nos tempos adequados até a possibilidade de oferecer uma reabilitação apropriada após o evento. A telemedicina pode compensar algumas lacunas nos controles após a alta, mas sem dúvida o maior desafio é a reabilitação.
Dada a pobre aderência em termos mundiais aos programas de reabilitação, surgiu a necessidade de encontrar uma alternativa que fosse barata, cômoda e que estivesse ao alcance de todos os subgrupos de pacientes.
O estudo Yoga-CaRe foi um trabalho randomizado e multicêntrico realizado no berço da ioga, isto é, a Índia.
Foram recrutados 3959 pacientes pós-infarto agudo do miocárdio e randomizados a receberem um programa de reabilitação baseado na ioga (n = 1970) vs. um programa padrão (n = 1989) e seguidos por uma média de tempo de 22 meses.
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O estudo teve dois desfechos primários: ocorrência de um novo evento maior (combinação de morte, infarto, AVC ou hospitalização de urgência por causa cardiovascular) e a sensação sobre a própria saúde objetivada por uma escala de qualidade de vida realizada na décima segunda semana (European Quality of Life–5 Dimensions–5 Level visual analogue scale).
A ocorrência de eventos foi similar entre ambos os grupos. De fato, o estudo não tinha o poder estatístico para mostrar diferença em tal sentido.
Observou-se, no entanto, uma melhora significativa na qualidade de vida segundo o questionário (p = 0,002), o que redundou em um retorno mais rápido às atividades cotidianas em comparação com a reabilitação padrão.
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Não houve diferenças no que se refere à cessação do hábito tabagístico nem à aderência ao resto dos medicamentos entre os dois grupos (estes foram desfechos secundários).
Este trabalho é publicado em um momento muito especial já que as medidas para paliar a pandemia por coronavírus alteraram todas as etapas de tratamento dos pacientes cardiovasculares. A possibilidade de oferecer reabilitação baseada na ioga de maneira remota e sem necessidade de contar com elementos especiais no domicílio a tornam uma excelente opção para os nossos pacientes.
Conclusão
A reabilitação baseada na ioga melhorou a qualidade de vida dos pacientes e acelerou sua volta às atividades cotidianas em comparação com a reabilitação padrão. Esta metodologia pode ser uma opção quando a reabilitação convencional não é factível.
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Título original: Yoga-Based Cardiac Rehabilitation After Acute Myocardial Infarction. A Randomized Trial.
Referencia: Dorairaj Prabhakaran et al. J Am Coll Cardiol 2020;75:1551–61. doi: 10.1016/j.jacc.2020.01.050.
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