Ainda temos pouca informação sobre a história natural da infecção assintomática pelo novo coronavírus (COVID-19). Estamos apenas começando a entender o que ocorre com os doentes mais graves.
O surto de COVID-19 no cruzeiro Diamond Princess nos deu uma oportunidade única para estudar os contatos e os que se contagiaram de maneira assintomática em uma população fechada. Algo que teria sido impossível fora do contexto de um cruzeiro.
Das 3711 pessoas a bordo (entre passageiros e tripulantes) 712 tiveram resultado positivo no teste de COVID-19, embora mais da metade (58%) tenha cursado a infecção de maneira assintomática. Isso permitiu descrever a história natural dos pacientes assintomáticos.
11 pessoas tiveram PCR positivo e encontravam-se assintomáticos no momento do desembarque, desenvolveram sintomas em uma média de 4 dias depois, motivo pelo qual em realidade eram pré-sintomáticos. O risco de ser pré-sintomático aumentou com a idade.
Oito membros da tripulação tiveram um PCR negativo no momento do desembarque que se tornou positivo 72 horas depois. Essas pessoas se mantiveram sempre assintomáticas.
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Foi possível analisar a coorte de pessoas que deram resultado positivo na análise de PCR e se mantiveram assintomáticas durante todo o transcurso da infecção (até que o teste de PCR passou a ser negativo).
Quase um terço dessa coorte apresentava fatores de risco como hipertensão ou diabetes.
O tempo médio entre o primeiro teste de PCR positivo (a bordo do cruzeiro ou já no hospital) e a primeira série de 2 testes de PCR consecutivos negativos foi de 9 dias (intervalo de 3 a 21 dias).
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Quase a metade da população (48%) tinha resolvido a infecção em 8 dias e em quase todos (90%) a resolução da infecção se deu em 15 dias.
A taxa de resolução demorada da infecção foi aumentando concomitantemente com a idade. Quanto maior a idade maiores as chances de desenvolver sintomas e, no caso de ser assintomático, maiores as chances de resolução demorada da infecção.
Título original: Natural History of Asymptomatic SARS-CoV-2 Infection.
Referência: N Engl J Med. 2020 Aug 27;383(9):885-886. doi: 10.1056/NEJMc2013020.
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