Realizar uma intervenção de maneira precoce em pacientes com estenose aórtica severa assintomática pode ter vantagens em comparação com esperar os sintomas em pacientes selecionados.
A estenose aórtica severa em pacientes sem sintomas e com função ventricular conservada apresenta poucas dúvidas clínicas. Contudo, existe escassa evidência a favor da intervenção precoce vs. vigilância estreita.
A melhor evidência que tínhamos até o momento era o estudo RECOVERY, apresentado neste mesmo congresso em 2019. Com 145 pacientes randomizados a intervenção precoce vs. a estratégia convencional, esse estudo concluiu que a cirurgia precoce nos pacientes assintomáticos mas com estenose severa apresentava menos risco de morte por causa cardiovascular em 6 anos de seguimento.
O AVATAR incluiu 157 pacientes entre 2015 e 2020. A estenose severa foi definida como tal quando se constatava uma velocidade pico > 4 m/seg, um gradiente médio > 40 mmHg e uma área < 1 cm2.
Foi implantada uma válvula mecânica em 53% dos 72 pacientes que foram submetidos a cirurgia precoce (idade média de 67 anos).
Entre os randomizados a tratamento conservador, 25 pacientes foram levados a cirurgia por desenvolvimento de sintomas (60%), progressão da estenose (16%), queda da função ventricular abaixo de 50% (4%) ou uma combinação desses fatores (20%). Nestes 25 pacientes o tempo médio entre a randomização e a necessidade de cirurgia foi de 400 dias.
Leia também: TAVI vs. válvulas cirúrgicas de “liberação rápida” em pacientes de baixo risco.
Com um seguimento de quase 3 anos, o desfecho combinado foi de 15,2% no grupo cirurgia precoce vs. 34,7% no grupo conservador. A morte por qualquer causa e a insuficiência cardíaca foram os componentes que inclinaram a balança a favor da intervenção precoce.
De acordo com os autores do estudos, a valva deve sofrer intervenção quando cumpre com os critérios de severidade, sem importar os sintomas.
AVATARTítulo original: Aortic valve replacement versus conservative treatment in asymptomatic severe aortic stenosis.
Referência: Banovic M et al. Presentado en las sesiones científicas del congreso AHA 2021 y publicado simultáneamente en Circulation. 2021 Nov 13. Online ahead of print. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.121.057639.
Subscreva-se a nossa newsletter semanal
Receba resumos com os últimos artigos científicos