A alta no mesmo dia do procedimento (SDD, por sua sigla em inglês) demonstrou ser muito efetiva nas ATC e em alguns procedimentos periféricos, mas a pandemia – com o estresse que gerou no sistema de saúde – contribuiu para otimizar os tempos de internação de outras patologias e procedimentos.
No TAVI esta estratégia ainda não foi provada devido às potenciais complicações que podem surgir dentro das primeiras 24 horas, especialmente os distúrbios de condução.
A SDD no TAVI poderia chegar a ser utilizada em pacientes selecionados, como aqueles com marca-passo definitivo prévio, aqueles cujo acesso tenha sido femoral, com sedação consciente, nas primeiras horas da manhã, sem distúrbios elétricos de condução após o procedimento, sem complicações vasculares, com uma hemodinâmica estável, que tenham podido deambular de forma confortável e que tenham respaldo social para a alta. No entanto, isso ainda não foi demonstrado.
O estudo multicêntrico PROTECT TVAR incluiu 2.100 pacientes, dentre os quais 124 receberam SDD (5,9%).
O desfecho primário (DP) foi a combinação de morte cardiovascular, AVC, infarto, readmissão por qualquer causa, complicação vascular maior e implante de novo marca-passo permanente (PPMI, por sua sigla em inglês).
A idade média foi de 79 anos, a maioria dos pacientes incluídos foram homens, um terço da população era diabética, 28% apresentava deterioração da função renal, 30% apresentava fibrilação atrial, 8% eram bicúspides, 6% V-in-V, 33% PPMI ou ICD prévio, 8,8% BCRD, 11,8% BCRI e 41% apresentou bloqueio AV de segundo ou terceiro grau. O escore STS foi de 2,4%.
A fração de ejeção foi de 58%, a área valvar aórtica foi de 0,4 cm2 e o gradiente médio de 42 mmHg.
96,8% dos pacientes foram tratados com válvulas balão-expansíveis, 100 pacientes receberam sedação consciente e 24 receberam anestesia local.
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O DP foi de 5,7%, somente um paciente tratado com uma válvula autoexpansível precisou de implante de marca-passo e recebeu alta no mesmo dia.
Em 30 dias não houve morte cardiovascular, necessidade de PPMI e observou-se somente 5,7% de readmissões no hospital por insuficiência cardíaca. Ocorreu uma morte não cardíaca por hemorragia subaracnóidea em um paciente com fibrilação atrial que recebia anticoagulação, 3 readmissões não relacionadas e um paciente por COVID-19.
Conclusão
A SDD pós-TAVI é factível e segura em um grupo selecionado de pacientes com um baixo risco de eventos adversos. Esta estratégia talvez tenha um papel potencial em um alto grupo de pacientes quando diminuírem definitivamente os efeitos da pandemia por COVID-19.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org
Título Original: Same-Day Discharge Post–Transcatheter Aortic Valve Replacement During the COVID-19 Pandemic The Multicenter PROTECT TAVR Study.
Referência: Madeleine Barker, et al. J Am Coll Cardiol Intv 2022;15:590–598.
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