Na última década houve um aumento do interesse pela morfologia da placa de ateroma e pelo impacto que dita placa tem nos eventos clínicos. Vários estudos têm demonstrado a utilidade do IVUS nesse campo, caracterizando a placa segundo a presença de placa rica em lipídios (LRP) e fibroateroma de capa fina (TCFA). Tais morfologias estão associadas com maiores eventos cardiovasculares no seguimento.
Na atualidade o maior uso de OCT e sua alta resolução permite diferenciar com maior clareza as duas diferentes morfologias que apresentam as LRP, estabelecendo-se os TCFA e os fibroateromas de capa grossa (ThCFA).
Analisaram-se pacientes do estudo multicêntrico prospectivo COMBINE FFR-OCT, no qual foram combinadas a evolução funcional (com FFR) e morfológica (com OCT) em lesões não isquêmicas de pacientes diabéticos.
O objetivo foi estudar o impacto das diferentes placas de ateromas (TCFA, ThCFA, não LRP) sobre o risco de desenvolverem eventos adversos no seguimento.
O desfecho primário (DP) foi uma combinação de morte cardiovascular, IAM relacionado com o vaso afetado, revascularização do vaso afetado e hospitalização por angina instável dentro dos 18 meses.
Dos 550 pacientes incluídos, 390 tinham ≥ 1 lesão com FFR > 0,8 e foram avaliados com OCT. A idade média foi de 67 anos e 63% da população estava composta de homens. O valor médio do FFR foi de 0,88. O grupo de ThCFA apresentava maior porcentagem de pacientes com estatinas em comparação com os outros grupos.
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Não houve diferenças no DP entre os grupos de LRP e não LRP.
Na análise dos pacientes com LRP, as placas com TCFA apresentavam maior taxa de eventos em comparação com o grupo ThCFA (13,3% versus 3,8%; HR, 3,8 [95% CI, 1,5–9,5]; p < 0,01). Esta diferença a favor de TCFA também foi observada quando se comparou com o grupo de não LRP. Ao contrário, não houve diferenças entre o grupo ThCFA e não LRP no que diz respeito à taxa de eventos adversos no seguimento.
Conclusão
Entre os pacientes diabéticos com lesões não isquêmicas, as lesões ricas em lipídios e com TCFA estão associadas a maior taxa de eventos no futuro. A avaliação por OCT demonstrou que um terço dos pacientes apresentavam TCFA; estes poderiam se beneficiar com um tratamento médico mais agressivo. São necessários mais estudos para avaliar as diferentes estratégias terapêuticas.
Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Referência: Enrico Fabris MD et al Circ Cardiovasc Interv. 2022;15:e011728.
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