Existem com cada vez maior frequência pacientes que são submetidos a TAVI e que necessitam posteriormente de uma intervenção não cardíaca, ou pacientes com outras doenças que devem ser submetidos a cirurgia e são diagnosticados de uma estenose aórtica.
Além disso, em muitas ocasiões a cirurgia deve ser feita prontamente (como no caso de um câncer) ou são de urgência. Em tais cenários, o TAVI poderia ser a estratégia de escolha devido à sua rápida recuperação, embora isso ainda não tenha sido demonstrado em grandes estudos.
Foi feita uma análise de 2238 pacientes do Registro Bern. Desse total, 300 pacientes foram submetidos a uma cirurgia não cardíaca após o TAVI (13,4%), 160 foram submetidos a TAVI de forma eletiva e 140 a TAVI de urgência ou emergência.
O desfecho primário (DP) após 30 dias da realização da cirurgia não cardíaca foi a combinação de mortalidade por qualquer causa, AVC, infarto e sangramento maior.
A idade média foi de 81 anos, 52% dos pacientes eram homens, 85% apresentavam hipertensão, 32% eram diabéticos, 61% tinham doença coronariana, 13% apresentavam doença vascular periférica e a função renal estava preservada.
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As cirurgias mais frequentes foram as neurológicas e as ortopédicas, seguidas das superficiais e das intraperitoneais.
Em 21% dos pacientes a cirurgia foi feita dentro dos 30 dias após o TAVI, em 25% entre o dia 31 e o dia 180, em 23% entre o dia 181 e o 365 e em 315 após um ano.
O risco da cirurgia foi baixo em 7% dos casos, intermediário em 63,3% e alto em 29,7%.
O DP em 30 dias ocorreu em 58 pacientes (estimativa de Kaplan-Meier: 19,7%; 95% IC: 15,6%-24,7%); a mortalidade por qualquer causa ocorreu em 28 (estimativa de Kaplan-Meier: 9.6%; 95% IC: 6,7%-13,5%); o AVC ocorreu em 3, (estimativa de Kaplan-Meier: 1,1%; 95% IC: 0,3%-3,2%); o infarto em 1 (estimativa de Kaplan-Meier: 0,4%; 95% IC: 0,1%-2,6%) e o sangramento maior em 33 (Estimativa de Kaplan-Meier: 11,3%; 95% IC: 8,2%-15,6%).
Na análise multivariada observou-se que a presença de regurgitação paravalvar moderada ou severa e a existência de mismatch moderado a severo se associou de maneira independente a maior risco de eventos em 30 dias em uma cirurgia não cardíaca após o TAVI.
Conclusão
Estes achados sugerem que a cirurgia não cardíaca pode ser realizada de forma precoce após o TAVI. O resultado subótimo do dispositivo, o mismatch protético e a regurgitação paravalvar se associam ao incremento de risco de ocorrência de uma evolução adversa após uma cirurgia não cardíaca.
Dr. Carlos Fava.
Miembro del Consejo Editorial de SOLACI.org.
Título Original: Risk and Timing of Noncardiac Surgery After Transcatheter Aortic Valve Implantation.
Referencia: Taishi Okuno, MD, et al. JAMA Network Open. 2022;5(7):e2220689. doi:10.1001/jamanetworkopen.2022.20689.
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