Implicações clínicas da presença de HALT em pacientes submetidos a TAVI: seguimento de 5 anos

Podemos observar de maneira cada vez mais sólida a longa duração dos implantes percutâneos da valva aórtica (TAVI), independentemente do risco cirúrgico dos pacientes em questão. No seguimento de distintos registros observou-se, a partir de imagens protocolizadas, a presença de trombose valvar subclínica, que se evidenciava em estudos tomográficos como um aumento da espessura valvar com hipoatenuação (o que se alcunhou como HALT).

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Dita trombose subclínica foi mais frequentemente observada nos pacientes submetidos a TAVI, em comparação com aqueles submetidos a substituição cirúrgica. No entanto, pouco se sabe sobre o impacto em termos de desfechos clínicos que representa sua presença. 

O grupo japonês de Imaeda et al realizou uma análise retrospectiva de uma base de dados própria com o objetivo de investigar a história natural do HALT e a relação com desfechos clínicos a longo prazo. 

Todos os pacientes foram submetidos a implante de válvula SAPIEN-XT, tendo sito feito seguimento com ecocardiograma e com tomografia multidectores (MDCT) no momento da alta, 6 meses depois e nos seguimentos anuais por 5 anos. 

Foram obtidos dados de 124 pacientes, submetidos a DAPT por 6 meses, divididos em dois grupos, HALT e Não-HALT. O desfecho primário (DP) foi uma combinação de mortalidade por todas as causas, internação por insuficiência cardíaca (IC) e acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico. Os desfechos secundários foram a incidência de mortalidade por todas as causas, morte cardiovascular, internação por IC ou AVC isquêmico. Por sua vez, foi avaliada a performance valvar com as variáveis de área de orifício efetiva indexada, gradiente de pressão média e volume de AVC indexado. 

Leia também: Devemos tratar a doença coronariana significativa estável no TAVI.

A incidência de HALT em um ano foi de 21,8%, não tendo sido constatadas diferenças significativas nas características basais, exceto a maior presença de dispneia CF III ou mais no grupo não-HALT (p = 0,04). No seguimento médio de 4,7 anos, não foram evidenciadas diferenças significativas do DP, observando-se incidência de 37% em HALT vs. 38,1% em Não-HALT (log-rank test p = 0,92). Não foram constatadas diferenças significativas nos desfechos secundários como mortalidade por todas as causas (p = 0,97), morte cardiovascular (p = 0,86), internação por IC (p = 0,54) e AVC isquêmico (p = 0,88). 

A presença de HALT não se associou a uma diminuição da área do orifício efetivo (p = 0,59), gradiente aumentado (p = 0,76) nem a uma diminuição do volume de AVC indexado (p = 0,29). 

CONCLUSÕES

Neste estudo observou-se uma incidência de HALT de 21,8%, cuja presença não mostrou mudanças em termos dos desfechos clínicos nem na performance valvar no seguimento de 5 anos desses pacientes. Este é um estudo dedicado que permite elaborar hipóteses a respeito do caráter inocente da entidade aqui estudada. No entanto, o fato de se tratar de uma amostra pequena e de um único centro não permite obter conclusões definitivas. 

Dr. Omar Tupayachi

Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho editorial da SOLACI.org.

Título Original: Natural History of Leaflet Thrombosis After Transcatheter Aortic Valve Replacement: A 5-Year Follow-Up Study.

Referência: Imaeda, Shohei et al. “Natural History of Leaflet Thrombosis After Transcatheter Aortic Valve Replacement: A 5-Year Follow-Up Study.” Journal of the American Heart Association vol. 11,23 (2022): e026334. doi:10.1161/JAHA.122.026334.


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