As estenoses coronarianas com calcificação severa representam um desafio significativo na atualidade durante a realização de uma angioplastia coronariana. Para alcançar o sucesso em ditos procedimentos é imperativo modificar a placa antes de implantar o stent, já que a subexpansão se associa a piores resultados clínicos no seguimento.
As ferramentas utilizadas para tratar as lesões complexas incluem balões especializados como os cutting ou scoring, balões de alta pressão, bem como a aterectomia rotacional (RA) e orbital. No entanto, estes últimos métodos têm efeitos limitados na modificação das placas calcificadas profundas e estão associados a complicações periprocedimento, como infarto do miocárdio, perfuração, bloqueio atrioventricular e o fenômeno do no reflow ou slow flow.
Recentemente foi introduzida a litotripsia intravascular coronariana (IVL) como uma opção adicional. Até o momento não existem estudos randomizados que comparem a RA com a IVL para o tratamento de lesões coronarianas calcificadas.
O objetivo deste estudo prospectivo, multicêntrico e randomizado de não inferioridade foi comparar a IVL com a RA em termos da modificação da placa, da área do stent e da área luminal, tudo isso avaliado mediante tomografia de coerência ótica (OCT).
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O desfecho primário (DP) foi a área mínima do stent (MSA) no final do procedimento. Os desfechos secundários (DS) incluíram a média do diâmetro do stent, o diâmetro luminal, a área luminal mínima, a média luminal, a média da área do stent, o diâmetro mínimo do stent, a expansão do stent, a excentricidade, a fratura, o mal posicionamento, os níveis de troponina, o tempo de procedimento, o consumo de contraste, a dose de radiação, a falha do vaso tratado (TLF) e a revascularização do vaso tratado (TLR), tanto intra-hospitalar quanto no seguimento de 1 ou de 6 meses.
Em total, foram incluídos 70 pacientes entre 2019 e 2021, que foram designados aleatoriamente em uma proporção 1:1. A idade média foi de 73 anos e a maioria da população era de homens. A doença coronariana estável foi a apresentação clínica mais comum (82%), seguida de infarto agudo do miocárdio sem elevação do ST (IAMSEST) (9,8%), angina instável (3,3%) e infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento ST (IAMCEST) (1,5%). A artéria mais tratada foi a coronária direita. O acesso mais utilizado foi o radial (65,6%), ao passo que o femoral foi utilizado em 37,7% dos casos. A pré-dilatação teve lugar com maior frequência no grupo IVL, em 60% dos casos (p = 0,04).
Não foram observadas diferenças significativas entre os dois grupos no que se refere ao consumo de contraste, dose de radiação e tempo de procedimento.
No tocante ao DP, constatou-se que a MSA foi similar entre os grupos, embora ligeiramente menor no grupo IVL (média: 6,10 mm2, 95% CI: 5,32–6,87 mm2) em comparação com o grupo RA (média: 6,60 mm2, 95% CI: 5,66-7,54 mm2).
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Além disso, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos no que diz respeito às dimensões do stent e ao lúmen. No entanto, notou-se uma tendência a uma maior área do stent com RA em comparação com IVL (9,52 ± 3,01 mm2 vs. 8,55 ± 2,31 mm2; p = 0,13). Não foram encontradas diferenças em termos da expansão do stent, do mal posicionamento, do prolapso tissular ou da fratura. Por último, tampouco foram detectadas diferenças na análise dos resultados clínicos.
Conclusão
Em conclusão, a utilização de IVL demonstrou não ser inferior em termos de MSA e expansão do stent à RA. Além disso, não houve diferenças significativas em termos de dano miocárdico periprocedimento induzido pela duas técnicas. A IVL parece ser uma opção terapêutica efetiva para abordar lesões coronariana severamente calcificadas.
Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Coronary intravascular lithotripsy and rotational atherectomy for severely calcified stenosis: Results from the ROTA.shock trial.
Referência: F. Blachutzik MD et al Catheter Cardiovasc Interv. 2023;1–11.
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