Causas de mortalidade cardíaca após o TAVI na atualidade

A insuficiência cardíaca (IC) e a morte súbita (MS) se destacam como as duas principais causas de mortalidade em pacientes com estenose aórtica. Apesar de a cirurgia de substituição valvar aórtica ter demonstrado contribuir para uma maior sobrevivência, as duas doenças continuam sendo as principais causas de morte no seguimento dos pacientes. 

Causas de mortalidad cardíaca luego del TAVI en la actualidad

Em seus inícios, o TAVI também demonstrou benefícios, mas tanto a IC quanto a MS continuavam sendo as principais causas de morte. 

É importante notar que o procedimento do implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) evoluiu, especialmente em populações com menor risco, e foram desenvolvidos dispositivos modernos, somando-se à maior experiência dos operadores e da equipe de saúde. Também foram implementadas estratégias para reduzir a necessidade de marca-passos definitivos após o implante. 

Entretanto, na atualidade ainda carecemos de informação fundamental acerca das causas de morte associadas aos dispositivos mencionados. 

Para abordar tal questão, foi levada a cabo uma análise de 5.421 pacientes que foram submetidos a TAVI com válvulas autoexpansíveis Evolut R/Pro/Pro+ da Medtronic ou válvulas balão-expansíveis SAPIEN S3/ULTRA da Edwards Lifesciences. 

Leia também: Angioplastia de tronco da coronária esquerda: em que cenário poderíamos não utilizar IVUS?.

A população tinha uma idade média de 80 anos, com 44% de mulheres. Além disso, 83% apresentava hipertensão, 33% diabete, 23% doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), 61% tinha deterioração da função renal, 40% tinha doença coronariana prévia, 8,3% tinha sido submetida a cirurgia cardíaca valvar previamente, 35% tinha fibrilação atrial, 12% tinha um marca-passo prévio, 1% tinha  um desfibrilador automático implantável (AICD), 10,5% tinha bloqueio completo do ramo esquerdo (BCRE) e 8% tinha bloqueio completo do ramo esquerdo (BCRD). O índice de risco STS de mortalidade se situou em 5,8%, com uma fração de ejeção média de 55%. 

No que se refere ao acesso e ao procedimento, 90% dos pacientes foram submetidos a TAVI mediante acesso femoral, 75,7% com válvula balão-expansível e em 6,3% dos casos o tratamento foi com o procedimento “valve-in-valve”. A presença de regurgitação moderada ou severa foi observada em 5,4% dos pacientes. 

Trinta dias após o procedimento, registrou-se uma taxa de mortalidade de 2,4%, 2,3% de AVC, 0,9% de infartos agudos do miocárdio (IAM), 4,6% de sangramento maior com ameaça de vida, 14,4% de novos bloqueios do ramo esquerdo e 17% de implante de marca-passo.

Leia também: Oclusão percutânea de forame oval patente em pacientes com trombofilia.

Durante o seguimento de dois anos, a taxa de mortalidade total foi de 18%, sendo a metade das mortes de origem cardíaca. A IC representou 11,6% das mortes e a MS foi responsável por 7,5%.

Os preditores de mortalidade por IC incluíram a presença de fibrilação atrial, acesso transtorácico, novos bloqueios do ramo esquerdo, antecedentes de marca-passo e uma fração de ejeção baixa. 

Por outro lado, os preditores de morte súbita incluíram a diabete, uma filtração glomerular estimada (eGFR) inferior a 60 ml/min, o procedimento “valve-in-valve”, o acesso não femoral e a presença de arritmias ventriculares periprocedimento. 

Conclusão

Em síntese, a insuficiência cardíaca avançada e a morte súbita representaram uma de cada cinco mortes depois de um TAVI na prática contemporânea. Fatores potencialmente tratáveis, como arritmias e dissincronia para a insuficiência cardíaca, bem como o procedimento “valve-in-valve” e arritmias ventriculares periprocedimento para a morte súbita, foram identificados como fatores que predispõem significativamente a estas estatísticas preocupantes. 

 

Dr. Carlos Fava - Consejo Editorial SOLACI

Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Cardiac Death After Transcatheter Aortic Valve Replacement With Contemporary Devices. 

Referência: Jules Mesnier, et at. J Am Coll Cardiol Intv 2023;16:2277–2290.


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