Utilização do IVL em lesões coronarianas calcificadas em uma população do “mundo real”

A presença de calcificação nas artérias coronarianas (CAC) continua sendo um desafio fundamental no tratamento percutâneo de ditas lesões. Vários estudos estabeleceram a associação da CAC com resultados desfavoráveis a longo prazo. A litotripcia intravascular (IVL) surgiu como uma ferramenta para induzir a fratura das placas calcificadas. Embora não sejam randomizados, os estudos que avaliaram a IVL demonstraram altas taxas de sucesso do dispositivo, com bons resultados clínicos e angiográficos. 

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O objetivo deste estudo prospectivo e multicêntrico foi avaliar a efetividade e a segurança da IVL em lesões calcificadas em uma coorte de pacientes consecutivos do mundo real.

O desfecho primário (DP) de eficácia foi definido como o sucesso do procedimento, isto é, uma ATC bem-sucedida com uma estenose residual inferior a 20%, sem complicações intra-hospitalares (morte cardíaca, infarto agudo do miocárdio ou necessidade de revascularização do vaso tratado (TVR). O desfecho secundário (DS) de segurança foi a taxa de eventos adversos maiores (MACE), definidos como morte, infarto agudo do miocárdio ou TVR. 

Foram incluídos 426 pacientes (456 lesões), com uma idade média de 73 anos e maior a prevalência de homens. A apresentação clínica mais comum foi a síndrome coronariana aguda (SCA), representando 63% dos casos. A maioria dos pacientes apresentavam uma boa função ventricular (Fej > 50%), sendo o acesso radial o mais utilizado (76%). A descendente anterior foi a artéria mais afetada (44%), seguida da coronária direita (31%), da circunflexa (2%) e do tronco da coronária esquerda (11%). 

Leia Também: Litotripcia no Tronco da Coronária Esquerda.

O DP de eficácia foi alcançado em 66% dos pacientes, com taxas similares entre aqueles que apresentavam SCA (65%) e os pacientes com síndromes coronarianas crónicas (SCC) (68%). Além disso, não houve diferenças significativas no tocante ao sucesso angiográfico depois da IVL entre os dois grupos analisados. No que se refere ao DS de segurança, a taxa de MACE em 30 dias foi de 3%, sendo 1% nos pacientes do grupo SCC vs. 5% nos do grupo SCA (p = 0,073).

Conclusão

A utilização de IVL demonstrou ser um procedimento factível e seguro em uma população de pacientes do mundo real, facilitando eficazmente o implante de stents em lesões severamente calcificadas. Embora os pacientes com SCA tenham mostrado taxas de sucesso angiográfico similares, observou-se uma tendência a uma maior taxa de MACE em 30 dias em comparação com os pacientes SCC. São necessários estudos de longo prazo para avaliar os benefícios clínicos associados com esta ferramenta terapêutica. 

Dr. Andrés Rodríguez

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: A Prospective, Multicenter, Real-World Registry of Coronary Lithotripsy in Calcified Coronary Arteries The REPLICA-EPIC18 Study.

Referência: Oriol Rodriguez-Leor, MD, PHD et al J Am Coll Cardiol Intv 2024.


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