A doença vascular periférica crônica está em aumento e, nos últimos 20 anos, a angioplastia tem avançado consideravelmente graças ao desenvolvimento de diversos dispositivos, substituindo em grande medida a cirurgia na maioria dos cenários. Dito avanço tem demonstrado resultados similares mas com menos complicações e menos dias de internação.
Entretanto, a informação disponível sobre a doença vascular periférica provém principalmente da Europa e dos Estados Unidos, sendo escassa em nossa região. Tal limitação dificulta nossa compreensão da realidade local e em relação às estratégias a seguir.
Para abordar a carência de informação existente, foi levada a cabo uma análise do Registro SOLACI Periférico, um estudo prospectivo e multicêntrico que incluiu 997 pacientes com 1057 lesões.
O desfecho primário do estudo foi a combinação de morte por qualquer causa, infarto fatal e não fatal, AVC, trombose do vaso ou do stent, complicações com o acesso, sangramento e reintervenções de emergência no âmbito hospitalar.
A idade média dos pacientes foi de 69 anos, com uma população composta de 65% de homens. 85% de todos os pacientes incluídos apresentavam hipertensão, 67% dislipidemia, 65% diabetes (a maioria requeria insulina), 58% tabagismo. Além disso, houve antecedentes de infarto agudo do miocárdio em 17% dos casos, angioplastia coronariana transluminal percutânea (ATC) ou cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) em 21%, angioplastia transluminal periférica (ATP) prévia em 22%, bypass periférico em 6%, diálise em 5,5% e amputação prévia em 15%.
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Registrou-se 7% de claudicação severa, 31% de dor em repouso, 45% de lesão nos tecidos devido à isquemia, sendo que 36% apresentavam infecção, e o ABI foi inferior a 0,5 em 24% dos casos.
O território mais afetado foi o femoropoplíteo, seguido do infrapatelar, e em menor medida do iliofemoral. 27,6% dos pacientes foram submetidos a APT em mais de um território.
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O comprimento das lesões variou de 2 mm a 450 mm, estando as mais longas no território infrapatelar. As calcificações mais severas se encontraram no território iliofemoral e a aterectomia foi utilizada no território femoropoplíteo em 4,4% dos casos. O uso de stent foi mais frequente no território iliofemoral, ao passo que a ATP com balão foi mais comum no infrapatelar, e o stent foi utilizado nesse território unicamente com resgate.
Em termos hospitalares, a mortalidade por qualquer causa foi de 1,3%, a mortalidade cardiovascular foi de 0,7%, o infarto foi de 0,4%, o AVC foi de 0,1%, o sangramento significativo foi de 0,8% e a trombose foi de 1,9%.
Conclusão
Os dados do mundo real sobre a doença vascular periférica crônica na América Latina poderiam ajudar a identificar necessidades desconhecidas e gerar recomendações baseadas na evidência para facilitar o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento adaptadas a cada país e seus recursos disponíveis.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Rationale and Design of the Latin-American Registry of Peripheral Interventions: Insights From SOLACI Peripheral.
Referência: Luis R. Virgen Carrillo, et al. JSCAI Article in Press https://doi.org/10.1016/j.jscai.2024.101931.
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