O tratamento da estenose aórtica severa com TAVI está se tornando cada vez mais comum, mostrando uma evolução comparável ou inclusive superior, em alguns estudos quando feito mediante acesso femoral, à cirurgia de substituição valvar aórtica (SVAR).
Um dos desafios atuais é a durabilidade do TAVI em comparação com a SVAR. Embora a informação atual sugira que em 9 ou 10 anos é satisfatório, é importante considerar que um grupo de pacientes requer reintervenção. Tal cenário ainda não foi exaustivamente analisado nem comparado com a cirurgia, o que seguramente será tema de discussão no futuro.
Realizou-se uma análise retrospectiva dos estudos CoreValve US Pivotal Extreme-Risk, High-Risk e SURTAVI, que incluíram 7757 pacientes, dentro os quais 5925 foram submetidos a TAVI (4478 CoreValve e 1447 Evolut R/PRO) e 1832 a SVAR.
Do total de pacientes, 99 (1,3%) requereram reintervenção, tendo sido 80 tratados com TAVI (69 CoreValve e 11 Evolut R/PRO).
Em 5 anos de seguimento, observou-se que 99 (1,3%) pacientes necessitaram reintervenções, sendo mais frequentes no grupo submetido a TAVI (2,2% vs. 1,5%; p = 0,017) em comparação com SVAR. As reintervenções foram mais comuns dentro do primeiro ano (< 1 ano. HR de subdistribuição ajustado: 3,50; IC de 95%: 1,53-8,02), mas não houve diferença entre 1 ano e 5 anos (HR de subdistribuição ajustado: 1,05: IC de 95%: 0,48-2,28). As principais causas de reintervenção em TAVI foram as regurgitações e em SVAR as endocardites.
Em 5 anos, a plataforma Evolut R/PRO apresentou uma taxa de reintervenção menor do que a CoreValve (0,9% vs. 1,6%; p 0,006), mas não houve diferença na comparação com SVAR (0,9% vs. 1,5%; p = 0,41).
Conclusão
Observa-se uma baixa taxa de reintervenção nos pacientes tratados com CoreValve/Evolut R/PRO e SVAR. As reintervenções foram mais frequentes dentro do primeiro ano em TAVI e depois do primeiro ano em SVAR. Foram registradas mais reintervenções nos TAVI realizados com válvulas CoreValve de primeira geração, tendo sido ditas reintervenções levadas a cabo de maneira percutânea. As reintervenções foram mais frequentes com a plataforma CoreValve do que com a Evolut ou com a SVAR.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Reinterventions After CoreValve/Evolut Transcatheter or Surgical Aortic Valve Replacement for Treatment of Severe Aortic Stenosis.
Referência: Kendra J. Grubb, et al. J Am Coll Cardiol Intv 2024;17:1007–1016.
Subscreva-se a nossa newsletter semanal
Receba resumos com os últimos artigos científicos