A necessidade de marca-passos após a realização do TAVI continua sendo ligeiramente mais alta do que na cirurgia, especialmente com as válvulas autoexpansíveis. Embora existam técnicas de implante que reduziram dita necessidade, o uso de marca-passo incrementa os custos, requer outro procedimento e traz consigo possíveis complicações hospitalares, como a insuficiência tricúspide ou a endocardite, bem como complicações relacionadas com o seguimento e a substituição do gerador.
Os marca-passos sem fio (leadless) poderiam oferecer vantagens sobre os tradicionais, embora isso ainda não tenha sido demonstrado e tampouco esteja claro o que ocorre quando se esgota a bateria e é necessário implantar um ou mais dispositivos adicionais.
Foi feita uma análise de 165.272 pacientes submetidos a TAVI entre janeiro de 2017 e dezembro de 2020. Foi necessário implantar um marca-passo definitivo em 10.338 (7,2%) deles; em 730 (7,06%) pacientes o marca-passo implantado foi sem fio (PPMI LDS) e no resto foram usados marca-passos transvenosos (PPMI T).
Os pacientes que receberam PPMI LDS apresentaram mais comorbidades, motivo pelo qual foram ajustadas as variáveis para homogeneizar os grupos.
Depois do ajuste, a idade média foi de 82 a anos, 58% eram homens, 96% da população apresentava hipertensão, 50% diabetes, 6% infarto, 84% insuficiência cardíaca, 53% fibrilação atrial, 58% deterioração da função renal, 11% diálise e 13% tinha sofrido um icto.
O uso de PPMI LDS se incrementou 3,5 vezes com o passar do tempo.
A taxa de complicações hospitalares foi menor com os PPMI LDS (7,2% vs. 10,1%; p = 0,014), especialmente no que diz respeito a complicações relacionadas com o dispositivo (0,7% vs. 2,1%; p = 0,015), embora tenha sido observada uma maior instância hospitalar com um custo similar.
Em dois anos de seguimento, não houve diferenças em termos de mortalidade por qualquer causa (HR ajustada: 1,13; IC 95% 0,96-1,32; p = 0,15) nem nas hospitalizações por insuficiência cardíaca (sdHR: 0,89; IC 95%: 0,74-1,08; p = 0,24) ou endocardite (sdHR: 0,98; IC 95%: 0,44-2,17; p = 0,95), mas as complicações relacionadas com o dispositivo foram menores naqueles que receberam PPMI LDS (sdHR: 0,98; IC 95%: 0,44-2,17; p = 0,95).
Conclusão
O uso de marca-passo sem fio foi se incrementando com o tempo e associou-se a uma diminuição das complicações intra-hospitalares. No seguimento a médio prazo, apresentaram uma taxa de complicações similar aos marca-passos transvenosos e não mostraram diferenças em termos de mortalidade.
Título Original: Comparison of Patient Outcomes Between Leadless vs Transvenous Pacemakers Following Transcatheter Aortic Valve Replacement.
Referência: Hiroki A. Ueyama, et al. JACC Cardiovasc Interv 2024;17:1779–179.
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