O infarto agudo do miocárdio (IAM) continua associado a uma alta morbimortalidade apesar dos importantes avanços em seu tratamento ao longo dos anos. Os pacientes com IAM sem elevação do segmento ST (NSTEMI) apresentam uma considerável heterogeneidade em suas características, manifestações clínicas e resultados, o que ressalta a importância de identificar os casos de alto risco. Vários estudos demonstraram que o dano microvascular coronariano afeta significativamente o prognóstico desses pacientes.
O índice de resistência microvascular (IMR) é uma técnica confiável e reproduzível para avaliar quantitativamente a função microvascular. Contudo, sua aplicação continua sendo limitada devido à complexidade e ao custo da medição.
O IMR derivado da angiografia (angio IMR), uma inovadora tecnologia sem fio, foi desenvolvida para realizar o cálculo rápido do IMR em pacientes submetidos a angiografia coronariana, permitindo assim a quantificação da microcirculação nesses pacientes. Vários estudos evidenciaram o valor prognóstico do angio IMR para predizer resultados em pacientes com IAM com coronárias sem lesões obstrutivas, bem como naqueles com síndromes coronarianas crônicas. Não existem, no entanto, dados sobre essa ferramenta em pacientes com NSTEMI.
O objetivo deste estudo multicêntrico e retrospectivo foi avaliar o impacto prognóstico pós-intervenção percutânea do angio IMR em pacientes com NSTEMI. O desfecho primário (DP) foi a taxa de eventos adversos cardíacos maiores (MACE) em 2 anos, definida como a combinação de morte cardíaca, readmissão hospitalar por insuficiência cardíaca, reinfarto e revascularização do vaso tratado.
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Foram incluídos 2212 pacientes, dentre os quais 206 apresentavam angio IMR > 25, ao passo que 2006 tinham angio IMR ≤ 25. A idade média da população foi de aproximadamente 63 anos, estando a mesma composta em sua maioria por homens. A média pós-angioplastia de angio IMR foi de 20,63. Os pacientes com angio IMR > 25 mostraram uma maior taxa de MACE do que aqueles com angio IMR ≤ 25 (32,52% versus 9,37%; p < 0,001). Após a angioplastia, um angio IMR > 25 foi um preditor independente de MACE (HR: 4,230; IC de 95 %: 3,151-5,679; p < 0,001) e mostrou um valor prognóstico incremental em comparação com os fatores de risco convencionais (AUC: 0,774 versus 0,716; p < 0,001).
Conclusão
Este estudo demonstrou que o angio IMR é um preditor independente de MACE em pacientes que são submetidos a angioplastia no contexto de NSTEMI. A incorporação do angio IMR aos fatores de risco clínicos convencionais mostrou um incremento significativo da capacidade de estimar o risco de MACE.
Título Original: Prognostic Value of Coronary Angiography–Derived Index of Microcirculatory Resistance in Non–ST-Segment Elevation Myocardial Infarction Patients.
Referência: Yuxuan Zhang, MD et al J Am Coll Cardiol Intv 2024.
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