A ablação da fibrilação atrial é uma estratégia válida, embora frequentemente ocorram recidivas, muitas vezes assintomáticas.
A anticoagulação com varfarina demonstrou ser efetiva em dito contexto. Porém, em situações onde o risco de sangramento é elevado, a oclusão do átrio esquerdo (LAAC) se apresenta como uma alternativa viável.
Embora a combinação de LAAC e varfarina tenha demonstrado benefícios, a evidência sobre seu uso com os novos anticoagulantes é limitada.
O estudo OPTION incluiu 1600 pacientes com fibrilação atrial submetidos a ablação. Dentre eles, 803 foram submetidos a LAAC com o dispositivo Watchman mais aspirina (AAS) e anticoagulação durante 90 dias, seguidos de AAS até os 12 meses. Os outros 797 pacientes receberam unicamente anticoagulação oral (ACO), tendo ficado a escolha a critério do médico tratante. Os participantes foram selecionados em função do escore CHA2DS2-VASc, requirindo-se ao menos 2 pontos para homens e 3 para mulheres.
O desfecho primário de segurança (DPS) foi uma combinação de sangramento maior não relacionado com o procedimento e sangramento clinicamente relevante não maior segundo a ISTH, com necessidade de intervenção médica, hospitalização ou aumento do nível de cuidados, avaliado em 36 meses.
O desfecho primário de eficácia (DPE) foi a combinação de morte por qualquer causa, acidente vascular cerebral (AVC) ou embolização sistêmica, avaliado em 36 meses.
O desfecho secundário (DS) foi o sangramento maior, incluindo os sangramentos relacionados com o procedimento, segundo os critérios da ISTH.
Os grupos foram comparáveis, com uma idade média de 70 anos e 65% de homens. Os anticoagulantes mais utilizados foram:
- Apixabana (59%)
- Rivaroxabana (27%)
- Endoxabana (4%)
- Dabigatrana (4%)
- Varfarina (~5%)
O dispositivo LAAC foi implantado com sucesso em 98,8% dos pacientes, com baixas taxas de complicações relacionadas com o procedimento.
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Em 36 meses, o DPS foi de 8,5% no grupo LAAC vs. 18,1% no grupo ACO, alcançando a significância estatística para superioridade (p < 0,001). O DPE foi de 5,3% para LAAC vs. 5,8% para ACO, demonstrando não inferioridade (p < 0,0001). Por sua vez, o DS foi de 3,9% no grupo LAAC e de 5% no grupo ACO, também mostrando não inferioridade (p < 0,0001).
O sangramento maior, incluindo os eventos relacionados com o dispositivo, foi de 3,9% no grupo LAAC vs. 5% no grupo ACO, com uma diferença de -1,1%, cumprindo os critérios de não inferioridade (HR: 0,77; IC 95%: 0,48–1,24). Não foi alcançada a significância estatística para superioridade (p = 0,28).
Não foram observadas diferenças significativas em termos de mortalidade por qualquer causa, AVC, hemorrágico, derrame pericárdico ou embolias sistêmicas entre os grupos.
Conclusão
Em pacientes submetidos a ablação de fibrilação atrial, a oclusão do apêndice atrial esquerdo se associou com um menor risco de sangramento maior ou clinicamente relevante não maior, não relacionado com o procedimento. Além disso, mostrou não inferioridade em comparação com a anticoagulação oral em termos de morte por qualquer causa, AVC ou embolização sistêmica em 36 meses.
Título Original: Left Atrial Appendage Closure after Ablation for Atrial Fibrillation. OPTION Trial.
Referência: O.M. Wazn, et al. NEJM DOI: 10.1056/NEJMoa2408308.
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