TAVI e insuficiência aórtica: as válvulas são todas iguais?

A insuficiência aórtica (IAO) representa entre 0,5% e 2,2% das afecções valvares em pessoas de mais de mais de 65 anos. 

insuficiencia aórtica

De acordo com os guias atuais, a cirurgia é o tratamento de escolha em dito cenário. Entretanto, há um grupo de pacientes que não são candidatos à cirurgia devido à sua avançada idade ou a presença de comorbidades. 

O TAVI (implante percutâneo da valva aórtica) surge como uma alternativa viável. Porém, é importante considerar que as válvulas utilizadas foram desenhadas principalmente para as estenoses aórticas tricúspides calcificadas, o que coloca certos desafios no contexto da IAO. Estes incluem uma anatomia diferente com um anel valvar maior, dilatação da raiz aórtica, ausência de cálcio para a ancoragem da bioprótese e a presença de um jato regurgitante que pode desestabilizar o implante, gerando um risco de embolização ou deslocamento. 

Em uma metanálise que incluiu 34 estudos (19 multicêntricos e 15 em um único centro) foram avaliados pacientes com IAO pura. Dentre eles, 1193 (55,2%) foram submetidos a implante de uma válvula dedicada (VD) para IAO pura, ao passo que o resto foi submetido a implante de uma válvula off-label (VOF). 

Leia também: Resultados do acompanhamento de 1 ano do registro TAVI com a utilização de válvulas balão-expansíveis de 5ª geração nos EUA.

A válvula dedicada utilizada foi a Jena Valve/J-Valve. 

A idade média dos pacientes foi de 75 amos, 43% eram mulheres e o escore STS foi de 5,6%.  

Resultados

O sucesso do dispositivo foi significativamente maior com as VD (95% vs. 82%; p < 0,001).

Em 30 dias, os pacientes do grupo de válvulas VD apresentaram menor mortalidade (3% vs. 9%; p < 0,001), menor incidência de IAO moderada ou severa pós-implante (4% vs. 10%; p = 0,03), menor taxa de reintervenção (4% vs. 10%; p < 0,001), menor necessidade de marca-passo definitivo (11% vs. 20%; p < 0,001), menor risco de embolização ou migração (2% vs. 8%; p < 0,001) e menor incidência de sangramento maior (3% vs. 7%; p < 0,001).

Leia também: Registro EuroSMR: Tratamento mitral borda a borda com seguimento de 5 anos.

Em um ano de seguimento a mortalidade foi significativamente menor nos pacientes com VD (13% vs. 24%; p < 0,001).

Não foram observadas diferenças significativas na incidência de AVC nem em termos de complicações vasculares maiores. 

Conclusão

As válvulas dedicadas para TAVI em pacientes com insuficiência aórtica nativa demostraram uma superioridade significativa em termos de sucesso do dispositivo, redução da mortalidade, menor insuficiência residual e menor taxa de reintervenções em comparação com os dispositivos off-label.

Título Original: Meta-Analysis of Dedicated vs Off-Label Transcatheter Devices for Native Aortic Regurgitation. 

Referência: Sahar Samimi, et al. ACC Cardiovasc Interv. 2024, Article in Press.


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Dr. Carlos Fava
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Membro do Conselho Editorial da solaci.org

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