Gentileza: Dra. Silvina E. Gomez
A prevalência da doença coronariana (CAD) em paciente que são submetidos a TAVI é alta, oscilando entre 40% e 70% segundo as diferentes séries. Seu impacto prognóstico nesse contexto não está, no entanto, completamente esclarecido, e o benefício da angioplastia antes, durante ou depois do procedimento continua sem ter uma resposta definitiva. Isso se deve, em parte, ao fato de a caracterização das artérias coronárias após o implante costumar ser mais complexa e não isenta de dificuldades.
Uma análise do France-TAVI Registry incluiu 64.660 pacientes, dentre os quais 41.266 (63,8%) foram tratados com válvulas balão-expansíveis (BEV). Entre as válvulas utilizadas, as balão-expansíveis incluíram a SAPIEN XT e SAPIEN 3, ao passo que as autoexpansíveis (SEV) foram a CoreValve, a Evolut R e a Evolut Pro.
O desfecho primário (DP) foi a incidência de re-hospitalização por eventos cardiovasculares (EC).
A idade média da população estudada foi de 83 anos, com 51% de homens e um EuroScore médio de 12. Os grupos foram similares, embora os pacientes tratados com BEV tenham tido uma maior prevalência de doença coronariana prévia ao TAVI, cirurgia cardíaca e doença vascular periférica.
No que se refere ao acesso, 88% dos procedimentos foram realizados por via femoral.
Os resultados mostraram que o DP foi mais frequente no grupo de BEV (12% [11,7%-12,3%] vs. 11,0% [10,5%-11,4%]; P = 0,04). Não foram observadas diferenças significativas em termos de presença de síndromes coronarianas agudas, embora o número de angioplastias (ATC) tenha sido maior entre os pacientes tratados com BEV (5,4% [5,2%-5,6%] vs. 3,6% [3,4%-3,9%]; P < 0,001).
A taxa anual de eventos cardiovasculares foi baixa (1,5% por ano).
Entre os principais preditores de EC foram identificados: o sexo masculino, uma menor faixa etária, dislipidemia, CAD reconhecida, doença vascular periférica e lesões coronarianas > 50%, ao passo que o tipo de válvula não mostrou uma relação significativa com os EC.
Por outro lado, os pacientes admitidos com EC em centros nos quais se realizava TAVI tiveram uma maior probabilidade de serem submetidos a ATC.
Conclusão
A incidência anual de eventos cardiovasculares depois do TAVI é baixa. Contudo, os pacientes que não foram submetidos a angioplastia apresentaram uma evolução menos favorável. As válvulas autoexpansíveis se associaram a uma evolução desfavorável e a uma menor probabilidade de prática de angioplastia, especialmente quando os pacientes foram admitidos em centros que não realizavam TAVI.
Título Original: Coronary Events After Transcatheter Aortic Valve Replacement. Insights From the France TAVI Registry.
Referência: Sandra Zendjebil, et al JACC: JANUARY 27 doi.org/10.1016/j.jcin.2024.09.005.
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