A presença de cálcio nas coronárias limita significativamente o sucesso das angioplastias coronarianas (PCI), sobretudo devido a uma expansão subótima do stent, o que pode levar à ocorrência de eventos adversos maiores (MACE), como a trombose do stent ou a necessidade de nova revascularização. A seleção adequada da técnica de modificação da placa (TMP) poderia melhorar esses resultados, sendo fundamental a caracterização e avaliação da severidade do cálcio mediante imagens intravasculares.
Os pesquisadores do estudo ROLLER COASTR-EPIC22 se propuseram a comparar a efetividade e a eficácia de distintas técnicas de TMP em lesões severamente calcificadas, avaliando a litotripsia intravascular (IVL) e o laser excimer (LE) vs. a aterectomia rotacional (AR) antes do implante do stent.
O desenho do estudo foi multicêntrico, prospectivo e incluiu oito centros de alto volume da Espanha. Participaram pacientes com síndromes coronarianas agudas (SCA) ou crônicas (SCC), com vasos de referência de 2,5 a 4,0 mm e calcificação moderada a severa evidenciada por angiografia. Foram excluídas as lesões culpadas de SCACEST, pacientes com choque cardiogênico ou aqueles incapazes de tolerar a dupla antiagregação plaquetária (DAPT). A randomização foi 1:1:1 para preparação de placa com AR, LE ou IVL. O uso de OCT era recomendado antes da dilatação e obrigatório ao finalizar a PCI.
O desfecho primário foi a porcentagem de expansão do stent medida por OCT (relação entre a área mínima do stent e a área de referência média). Os desfechos secundários incluíram o sucesso do dispositivo (sem necessidade de outra TMP), o sucesso angiográfico (estenose residual ≤ 20%) e o sucesso do procedimento (ausência de MACE).
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Foram incluídos 171 pacientes, sendo 77,2% do sexo masculino, com uma idade média de 70,9 ± 8,2 anos; 64,3% apresentavam SCC e 35,7% SCA. A artéria descendente anterior foi a mais tratada (71,3%), com calcificação severa em 82,5% das lesões. O acesso radial ou cubital foi utilizado em 84,2% dos casos.
O sucesso do dispositivo foi similar nos três ramos, com necessidade de uma segunda TMP em alguns casos (10,5%-14%). Não foram observadas diferenças significativas na área mínima do stent (MSA: AR: 5,5 ± 2,1 mm²; IVL: 5,4 ± 1,8 mm²; LE: 5,1 ± 1,8 mm²). A expansão do stent foi comparável entre IVL e AR (AR: 86,4% ± 14,1%; IVL: 85,6% ± 13,3%), demostrando a não inferioridade da IVL em todas as análises. O LE, no entanto, não alcançou o limiar de não inferioridade ao ser comparado com a AR segundo a MSA.
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o índice de complicações foi baixo e similar nos três grupos (4 perfurações, todas resolvidas na sala de hemodinâmica), sem mortalidade relacionada com o procedimento.
Conclusões
Este estudo traz informação relevante sobre a comparação randomizada de distintas técnicas de modificação de placa. A IVL demonstrou não ser inferior à AR no tocante à expansão do stent avaliada por OCT. A taxas de complicações foram baixas e a MSA foi similar entre todas as técnicas avaliadas.
Título Original: Rotational Atherectomy, Lithotripsy, or Laser for Calcified Coronary Stenosis: The ROLLER COASTR-EPIC22 Trial.
Referência: Jurado-Román A, Gómez-Menchero A, Rivero-Santana B, Amat-Santos IJ, Jiménez-Valero S, Caballero-Borrego J, Ojeda S, Miñana G, Gonzálvez-García A, Tébar-Márquez D, Camacho-Freire S, Ocaranza-Sánchez R, Domínguez A, Galeote G, Moreno R. Rotational Atherectomy, Lithotripsy, or Laser for Calcified Coronary Stenosis: The ROLLER COASTR-EPIC22 Trial. JACC Cardiovasc Interv. 2025 Jan 29:S1936-8798(24)01708-4. doi: 10.1016/j.jcin.2024.11.012. Epub ahead of print. PMID: 39918495.
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