A indicação de TAVI está se expandindo fortemente entre pacientes mais jovens e de baixo risco.
A presença de valva aórtica bicúspide (BAV) é observada entre 0,5% e 2% das ecocardiografias e autópsias. Sabemos que em ditas valvas o TAVI representa um desafio anatômico devido a uma maior calcificação, o que tem se associado com mais complicações e inclusive maior mortalidade a médio prazo em alguns registros. Outro problema potencial é o mismatch protético (PPM), vinculado a uma pior evolução a longo prazo.
Foi feita uma análise do Registro OCEAN TAVI, com 7051 pacientes, dentre os quais 503 (7,13%) apresentavam BAV e o resto tinham valva aórtica tricúspide (TAV). Foram empregadas válvulas expansíveis por balão (BEV) e autoexpansíveis (SEV). As BEV utilizadas foram a Sapien XT e a Sapien 3, e as SEV foram a CoreValve e a Evolut R/PRO.
Pela heterogeneidade dos grupos, fez-se um propensity score matching, ficando 497 pacientes em cada grupo. A idade média foi de 84 anos, sendo mais de 60% dos pacientes do sexo feminino e o STS de mortalidade de 6%. 62% dos pacientes apresentavam hipertensão, 22% diabetes, 15% fibrilação atrial e 67% deterioração da função renal.
O acesso femoral foi utilizado em 97% dos casos, sem diferenças no tipo ou no diâmetro da válvula, sendo a de 29 mm a mais utilizada nos dois grupos. Durante o procedimento, o sangramento maior e menor foram mais frequentes em pacientes com TAV (7,2% vs. 3%, p = 0,003; 6% vs. 2,2%; p = 0,002, respectivamente). Não houve diferenças em termos de lesão da raiz aórtica, obstrução coronariana, conversão a cirurgia, AVC, sangramento ameaçador, complicações vasculares ou necessidade de marca-passo. A estadia hospitalar foi similar.
Em 30 dias a mortalidade foi de 1% em ambos os grupos.
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Em dois anos de acompanhamento, não houve diferenças em termos de mortalidade, área efetiva aórtica, área indexada, velocidade pico ou gradiente médio. No entanto, a presença de PPM foi maior em pacientes com TAV (PPM moderado: 11,7% vs. 4,4%; PPM severo: 1,4% vs. 1%; p = 0,001). Embora o PPM aparentemente tenha se associado a maior mortalidade, não alcançou significância estatística (p = 0,065) e não teve impacto significativo na população ajustada por propensity score matching (p = 0,90).
Conclusão
O mismatch protético severo poderia se associar com maior taxa de mortalidade por qualquer causa. No entanto, o mismatch protético moderado e severo foi mais frequente em pacientes com estenose aórtica tricúspide do que naqueles com estenose aórtica bicúspide.
Título Original: Incidence and Prognosis of Prosthesis-Patient Mismatch After Transcatheter Aortic Valve Replacement for Bicuspid Aortic Stenosis.
Referência: Futoshi Yamanaka, et al. JACC Cardiovasc Interv. 2025;18:492–502.
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