Título original: The results of stent graft versus medication therapy for chronic type B dissection Referência: Xin Jia et al. J Vasc Surg 2013;57:406-14
Em muitas instituições, o tratamento dos pacientes com dissecação aórtica tipo B de Stanford crônica é médico em primeira instância, reservando-se o implante de endoprótese na aorta torácica (TEVAR) ou a cirurgia para aqueles que evoluíram com complicações (dor persistente, expansão do falso lúmen, isquemia visceral ou periférica).
Mesmo que estas complicações não se apresentem, o prognóstico destes pacientes continua sendo ruim, com uma mortalidade em dois anos de aproximadamente 30%. Este estudo prospectivo incluiu 303 pacientes consecutivos com dissecação de aorta tipo B não complicada que receberam, a critério dos médicos responsáveis, tratamento médico ideal (95 pacientes) ou implante de endoprótese (208 pacientes).
Não foram observadas diferenças significativas nas características basais dos dois grupos. O tempo médio entre a dissecação e a endoprótese foi de 23 dias. Nenhum dos dois grupos registrou mortes intra-hospitalares. No grupo TEVAR, dois pacientes (0,9%) precisaram de cirurgia de emergência por dissecação tipo A retrógrada, seis pacientes (2,9%) complicações vasculares, dois pacientes (0,9%) comprometimento neurológico e dois pacientes (0,9%) infarto periprocedimento. Nenhum paciente do grupo de tratamento médico apresentou eventos dentro dos 30 dias.
No acompanhamento (média 28,5 meses) a mortalidade global no grupo de tratamento médico foi de 16,8% em contraste com 6,7% para TVAR (p=0,67). A mortalidade relacionada com a aorta foi de 13.7% para tratamento médico em contraste com 2.9% para TEVAR (p=0,392). 14 pacientes do grupo tratamento médico necessitaram de cross over para TEVAR ou cirurgia devido a complicações.
Conclusão
Nesse registro multicêntrico, prospectivo e não randomizado, foi observada uma menor mortalidade relacionada com o implante de endoprótese de aorta torácica para dissecação tipo B crônicas não complicadas em contraste com o tratamento médico ideal. No entanto, a mortalidade global não foi diferente.
Comentário editorial
A perda no acompanhamento foi acima de 20% nos dois grupos, mas sobretudo no grupo de tratamento médico (como é previsível). Isto torna difícil a interpretação dos resultados no acompanhamento em prazo mais longo, que é justamente quando deveriam ser visíveis os benefícios da intervenção precoce. Além dessa limitação, o trabalho nos mostra uma taxa de complicações muito aceitável em 30 dias com o procedimento o que nos permite rediscutir o clássico tratamento conservador inicial com estes pacientes.
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