Título original: Same-Day Discharge Compared With Overnight Hospitalization After Uncomplicated Percutaneous Coronary Intervention. A Systematic Review and Meta-Analysis Referência: Eltigani Abdelaal et al. J Am Coll Cardiol Intv 2013. Article in press.
A angioplastia coronariana e posterior alta no mesmo dia em pacientes selecionados pode reduzir custos e aumentar o conforto dos pacientes.
Vários estudos observacionais e alguns randomizados expuseram a segurança da alta no mesmo dia; no entanto, ainda há dúvidas que se refletem na grande variabilidade que existe sobre o tema entre os diferentes centros. Para tentar responder a estas perguntas foi feita esta meta-análise que avaliou a incidência total de complicações, eventos cardiovasculares maiores (MACE) e reospitalização em 30 dias.
Foi analisado um total de 13 estudos (cinco randomizados e oito observacionais), que somavam 111.830 pacientes. 96% dos procedimentos foram feitos por acesso femoral e 83% dos pacientes efetivamente puderam receber alta no mesmo dia. A média de permanência hospitalar nos pacientes que receberam alta no mesmo dia esteve entre 4 e 8 horas.
Nos estudos randomizados não houve diferenças significativas no número total de complicações entre conceder a alta no mesmo dia ou permanecer internado (6,5% em contraste com 5,5% respectivamente; OR:1,2, 95% IC:0,82 -1,01). Em 30 dias, a incidência de MACE nos estudos randomizados foi idêntica para ambos os grupos (1,3%), a reospitalização também não foi diferente (4% em contraste com 3,6%; OR 1,1, 95% IC: 0.7-1.7). Os estudos observacionais chegaram a conclusões similares em todos os pontos anteriores.
Conclusão:
Com uma heterogeneidade considerável entre os diferentes trabalhos, é necessária a realização de um grande estudo randomizado que avalie as duas estratégias. Até que esse estudo se complete, a alta no mesmo dia após uma angioplastia não complicada é razoável em pacientes selecionados.
Comentário editorial:
O estudo randomizado que em teoria seria necessário para chegar a uma conclusão definitiva deveria incluir mais de 17 mil pacientes para alcançar o suficiente poder estatístico devido a pouca frequência dos eventos. Realmente não parece que vamos dispor dessa informação em um futuro próximo, se é que alguma vez estará disponível. Embora o uso da artéria radial não tenha alcançado 5%, se excluímos da análise os estudos observacionais realizados nos Estados Unidos (Rao et al. por exemplo) o acesso radial chega a quase 50% refletindo o pouco uso do acesso naquele país. Visto que o motivo principal da alta no mesmo dia é a economia de custos e o conforto dos pacientes, a estratégia tem muito mais sentido com o acesso radial.
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