Gentileza do Dr. Carlos Fava.
Este trabalho analisou o impacto clínico e o grau de melhoria da insuficiência mitral em pacientes que recebem implante percutâneo da valva aórtica (TAVI), além de procurar encontrar os possíveis candidatos para a dupla reparação valvar com técnica percutânea.
Foram incluídos 1.110 pacientes, dos quais 177 (15,9%) apresentaram insuficiência mitral severa prévia ao TAVI.
A média de idade da população foi de 80,5 anos, a FEY e a pressão sistólica pulmonar foram similares entre ambos grupos mas o gradiente e a área valvar indexada foi menor nos que apresentaram insuficiência mitral.
Além disso, apresentaram um anel mitral maior (34,5 ± 4 mm vs. 32,7 ± 4,8 mm p = 0,0001), mais calcificação do anel e parâmetros de tenting. A causa de insuficiência mitral mais frequente foi a funcional.
O sucesso do procedimento foi similar mas os que apresentavam insuficiência mitral requereram mais suporte hemodinâmico.
Ao comparar os pacientes que não tinham insuficiência mitral prévia ao TAVI e os que, sim, tinham, observou-se que este último grupo apresentou um incremento de mortalidade e mortalidade cardíaca três vezes maior, tanto no período intra-hospitalar (10,2% vs. 35%; p < 0,001) quanto em seis meses (6% vs. 20,9%; p < 0,001).
Após o TAVI, 103 (58,3%) dos pacientes com insuficiência mitral apresentaram melhoria de pelo menos 1 ponto da insuficiência.
Os preditores de persistência da insuficiência mitral foram um anel > 35 mm e a calcificação de anel por tomografia. Pelo menos 14 pacientes apresentaram critérios de reparação mitral para MitraClip ou com válvula balão expansível.
Conclusão
A presença de insuficiência mitral é relativamente frequente nos pacientes submetidos a TAVI e associa-se a uma maior mortalidade. Em mais da metade dos pacientes, o grau de insuficiência mitral melhora após o TAVI, o que pode ser predito com uma TAC da valva mitral.
De acordo com os padrões atuais, pelo menos um de cada dez pacientes com insuficiência mitral persistente após o TAVI poderia se beneficiar com os procedimentos percutâneos na valva mitral.
Comentário editorial
Embora a associação de estenose aórtica e insuficiência mitral em geral seja baixa nas séries analisadas, a tendência é que no futuro, dado o aumento da média de vida, dita associação se incremente.
Com o maior desenvolvimento tecnológico e a maior experiência dos Heart Teams, é provável que mudemos nossas estratégias e tratemos de forma percutânea ambas as valvas, seja de forma simultânea ou diferida.
Título original: Mitral Regurgitation After trancatheter Aortic Valve Replacement. Prognosis, Imaging Predictors and Potential management.
Referência: Carlos Cortés, et al. J Am Coll Cardiol Intv 2016;9:1603-14.
Gentileza do Dr. Carlos Fava. Fundação Favaloro, Buenos Aires, Argentina.
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