A regurgitação paravalvar (PVL, por suas iniciais em inglês) ocorre em 5 a 17% dos pacientes nos quais se realiza uma substituição cirúrgica da valva aórtica. A oclusão percutânea de tais vazamentos com dispositivo representa uma alternativa a reoperação.
Todos os centros do Reino Unido e Irlanda que realizam oclusão de vazamentos de maneira percutânea juntaram seus dados no registro UK PVL. Os dados foram analisados visando a buscar fatores associados a mortalidade e eventos cardiovasculares maiores no seguimento.
Realizaram-se 308 tentativas de oclusão da regurgitação paravalvar em 259 pacientes entre 2004 e 2015 em 20 centros. A média de idade da população foi de 67±13 anos e 28% eram mulheres.
A indicação principal para a oclusão do vazamento foi:
- Insuficiência cardíaca em 80% dos casos.
- Hemólise em 16%.
O dispositivo foi implantado com sucesso em 91% dos pacientes por:
- Acesso radial (7%).
- Acesso femoral arterial (52%).
- Acesso femoral venoso (33%).
- Apical (7%).
19% dos pacientes requereram uma reintervenção.
As valvas que receberam intervenção foram:
- Mitral em 44%.
- Aórtica em 48%.
- Ambas 2%.
- Pulmonar 0,4%.
- Valva percutânea em 5%.
O vazamento pré-procedimento foi severo em 61% e múltiplo em 37%, e melhorou significativamente após o procedimento (p < 0,001) chegando a desaparecer em 33,3% ou permanecendo de forma residual leve (41,4%) ou moderada (18,6%).
Juntamente com o grau de regurgitação também melhorou significativamente a classe funcional dos pacientes no seguimento médio de 110 dias.
A mortalidade hospitalar foi:
- Casos eletivos, 2,9%.
- Urgentes, 6,8%.
- Procedimentos de emergência, 50%.
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No seguimento, a mortalidade foi de 16%, a cirurgia valvar de 6% e a embolização tardia do dispositivo de 0,4%. A valva mitral se associou a mais eventos adversos que o resto das valvas.
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Os fatores que se associaram de maneira independente à mortalidade foram:
- O grau de regurgitação persistente (HR 2,87; p = 0,037).
- A classe funcional no seguimento (HR 2,00; p = 0,015).
- A creatinina basal (HR 8,19; p = 0,001).
Conclusão
A oclusão percutânea da regurgitação paravalvar é efetiva em melhorar a severidade do vazamento e a severidade dos sintomas. O grau de severidade da regurgitação residual após o procedimento se associa de maneira independente a eventos adversos e mortalidade. A oclusão percutânea deve ser considerada uma alternativa à reoperação.
Título original: Percutaneous Device Closure of Paravalvular Leak. Combined Experience From the United Kingdom and Ireland.
Referência: Patrick A. Calvert et al. Circulation. 2016 Sep 27;134(13):934-44.
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