O objetivo deste trabalho foi avaliar o impacto clínico a longo prazo do seguimento angiográfico de rotina após uma angioplastia coronariana.
O seguimento angiográfico de rotina foi criticado tanto por cardiologistas clínicos como por intervencionistas, já que aumentaria a revascularização pelo chamado “reflexo óculo-estenótico”. Isso mudou o paradigma dos estudos clínicos e a revascularização justificada pela clínica ou pela isquemia começou a ser utilizada como desfecho.
O anteriormente asseverado é verdadeiro para os estudos randomizados e controlados mas nunca foi provado se o “reflexo óculo-estenótico” realmente existe na prática clínica diária.
Neste trabalho prospectivo, multicêntrico e aberto realizado no Japão, foram randomizados pacientes que receberam uma angioplastia coronariana bem-sucedida a seguimento angiográfico de rotina (angiografia de controle entre os 8 e os 12 meses posteriores à angioplastia) vs. somente seguimento clínico.
O desfecho primário foi uma combinação de morte, infarto, AVC, hospitalização de emergência por síndrome coronariana aguda ou por insuficiência cardíaca com um mínimo de 1,5 anos de seguimento.
Entre maio de 2010 e julho de 2014 foram incluídos 700 pacientes em 22 centros. Os mesmos foram randomizados a seguimento angiográfico (n = 349) ou seguimento clínico (n = 351).
Com um seguimento médio de 4,6 anos, a incidência acumulada do desfecho primário em 5 anos foi de 22,4% para o grupo com angiografia de rotina comparado a 24,7% do grupo com somente seguimento clínico (p = 0,7).
Qualquer revascularização coronariana dentro do primeiro ano foi mais frequente para o grupo com seguimento angiográfico (12,8% vs. 3,8%; p < 0,001), o que confirma a existência do famoso reflexo óculo-estenótico também na prática clínica diária. No entanto, essa diferença se diluiu em 5 anos, nos quais a taxa de revascularização foi similar entre os grupos (19,6% vs. 18,1%; p = 0,92).
Conclusão
O seguimento angiográfico após uma angiografia coronariana bem-sucedida não traz benefício clínico e gera um aumento das revascularizações dentro do primeiro ano.
Título original: The ReACT Trial. Randomized Evaluation of Routine Follow-up. Coronary Angiography After Percutaneous Coronary Intervention Trial.
Referência: Hiroki Shiomi et al. JACC Cardiovasc Interv. 2017 Jan 23;10(2):109-117.
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