A proteção cerebral é uma estratégia para prevenir a embolização de trombos ou detritos de cálcio durante o implante percutâneo da valva aórtica. Há estudos randomizados e controlados que testaram a segurança e a eficácia de distintos dispositivos, embora nenhum tenha apresentado suficiente poder estatístico para mostrar diferenças em desfechos clínicos.
Há evidência preliminar que sugere a utilidade desses dispositivos no que se refere a marcadores de infarto cerebral ou função cognitiva pós-procedimento. No entanto, não há nada no que diz respeito a eventos clínicos duros.
Este trabalho é uma metanálise dos estudos randomizados publicados que avaliaram os dispositivos de proteção cerebral. O desfecho primário clínico foi o risco de morte ou AVC de acordo com o princípio de intenção de tratamento.
Foram incluídos um total de 5 estudos randomizados que somaram 625 pacientes, dos quais 376 receberam algum dispositivo de proteção cerebral e 249 ficaram no ramo de controle sem proteção cerebral.
Os dispositivos de proteção cerebral mostraram um risco menor de morte e AVC comparados com os controles (6,4% vs. 10,8%; RR: 0,57; IC 95%: 0,33 a 0,98; p = 0,04). O número necessário a tratar para evitar uma morte ou AVC foi de 22.
Os resultados foram consistentes ao estratificar pelo tipo de dispositivo e mantiveram magnitude e direção ao excluir sequencialmente cada um dos estudos (basicamente, não houve um trabalho ou dispositivo determinado que tenham inclinado a balança)
Ao considerar por separado morte por qualquer causa ou AVC se obteve uma diferença numérica a favor dos dispositivos de proteção, mas dita diferença não foi significativa.
Os achados sugerem que os dispositivos de proteção cerebral poderiam ser uma estratégia adjuvante relevante nos pacientes que recebem implante percutâneo da valva aórtica.
A proteção parece ter maior magnitude naqueles pacientes que apresentam um alto risco de eventos neurológicos. No entanto, para aqueles que são mais jovens e que apresentam menos risco é também muito importante evitar lesões cerebrais silentes já que se sabe que essas estão associadas ao deterioro cognitivo com o passar do tempo.
Conclusão
A totalidade dos dados sobre os dispositivos de proteção cerebral durante o implante percutâneo da valva aórtica (TAVR) parece mostrar que esses estão associados a uma significativa redução no risco de morte ou AVC.
Título original: Cerebral Embolic Protection During TAVR. A Clinical Event Meta-Analysis.
Referência: Gennaro Giustino et al. J Am Coll Cardiol. 2017 Jan 31;69(4):465-466.
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