As valvas aórticas bicúspides continuam sendo um verdadeiro desafio para o TAVI

Gentileza do Dr. Carlos Fava

As valvas aórticas bicúspides continuam sendo um verdadeiro desafio para o TAVIUm dos desafios atuais do TAVI são as valvas bicúspides, já que as mesmas apresentam uma distribuição e estrutura diferente, associada a uma calcificação maior e mais irregular. Existem somente pequenas séries e sua indicação é ainda mais controversa.

 

Foram analisados 561 pacientes com estenose aórtica severa em valva bicúspide que receberam TAVI e 4.546 com valva tricúspide.

 

Os que apresentaram aórtica bicúspide eram mais jovens e os que apresentaram aorta tricúspide tinham mais comorbidades e mais altos escores de risco cirúrgico. O acesso femoral foi similar, mas os que tinham valva bicúspide requereram valvas de maior diâmetro.

 

Para homogeneizar a amostra foi feito um propensity score matching, ficando 456 pares similares.

 

A conversão à cirurgia foi maior nos que apresentaram valva bicúspide (2% vs. 0,2%; p = 0,0006) acompanhada de menor sucesso do implante (85,3% vs. 91,4%; p = 0,002), maior necessidade de segunda valva e presença de regurgitação moderada ou severa, sem diferença na necessidade de marca-passo definitivo. Não houve diferença nos eventos em 30 dias.

 

As valvas de primeira geração (Sapiens XT e CoreValve) foram implantada em 320 pacientes com valvas bicúspide e 321 com valva tricúspide, e as de nova geração (Sapiens 3, Lotus e Evolut R) foram implantadas em 226 e 225 respectivamente.

 

Os pacientes que receberam valvas de primeira geração em valvas bicúspides apresentaram maior lesão na raiz aórtica (4,5% vs. 0%; p = 0,01) quando receberam Sapiens XT e maior presença de regurgitação moderada ou severa (19,4% vs. 10,5%; p = 0,02) quando receberam CoreValve. O mesmo não ocorreu com as valvas de nova geração.

 

No seguimento de 2 anos não houve diferença em mortalidade entre as bicúspides e as tricúspides (17,2% vs. 19,4%; p = 0,28)

 

Conclusão

Comparada com as valvas aórticas tricúspides, o TAVI nas bicúspides se associou com um prognóstico similar, embora com menor taxa de sucesso do dispositivo. Foram observadas diferença no procedimento nos pacientes tratados com a primeira geração das valvas enquanto que o mesmo não foi observado com as de nova geração.

 

Comentário

O TAVI demonstrou seu grande benefício nos pacientes de alto risco e nos inoperáveis, com estenose aórtica severa com valvas.

Esta análise nos mostra que com o desenvolvimento de novas valvas melhoraram os resultados nas valvas bicúspides. Com certeza será necessário desenvolver um dispositivo para este cenário.

 

Gentileza do Dr. Carlos Fava

 

Título Original: Procedural and Clinical Outcomes in Transcatheter Aortic Valve Replacement for Bicuspid Versus Tricuspid Aortic Valve Stenosis.

Autores: Sung-Han Yoon, et al J Am Coll Cardiol Article in Press.


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