Apesar da evidência, a maioria dos pacientes estáveis continuam sendo manejados com base na coronariografia e, pior ainda, muitas vezes sem um estudo funcional não invasivo prévio.
Com a introdução do FFR passamos da era “anatômica” para a “funcional” na sala de cateterismo, o que comprovadamente melhora o prognóstico dos pacientes e, não menos importante, implica uma economia de custos.
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Apesar do anteriormente expresso, o FFR continua sendo utilizado de maneira pouco frequente em todo o mundo e talvez uma das explicações disso seja o fato de o mesmo ser algo maçante de ser utilizado, além de exigir certo investimento de tempo para sua realização.
Como alternativa ao FFR surgiu o índice medido no período livre de ondas (iFR), que tem a vantagem de não necessitar hiperemia, o que implica a economia da adenosina (tanto em custo quanto em sintomas) e torna a valoração funcional mais rápida e simples.
O objetivo deste trabalho foi realizar uma metanálise de todos os trabalhos que compararam o FFR com o iFR para saber se realmente podemos trocar o padrão ouro para a valoração funcional.
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Em total foram incluídos 23 estudos com 6.381 estenoses, fazendo-se uma primeira metanálise de todos os estudos para explorar a correlação entre ambos os índices. Os resultados revelaram que dita correlação foi muito boa (0,798, IC 95% 0,78 a 0,82; p < 0,001). Adicionalmente, avaliou-se a performance diagnóstica do iFR para identificar as lesões coronarianas com FFR positivo. Dita avaliação, tal como ocorreu com a correlação, também foi muito boa, com uma área sob a curva de 0,88 (p < 0,001).
Conclusão
A presente metanálise mostra que o iFR se correlaciona de maneira significativa com o FFR e mostra uma muito boa precisão diagnóstica para identificar as lesões com FFR positivo. Finalmente, o iFR e o FFR demonstraram que têm uma eficácia diagnóstica similar para detectar lesões isquêmicas. Isso se observou quando se comparou os dois métodos de medição com um terceiro parâmetro, o fluxo coronariano medido por Doppler.
Comentário editorial
A análise confirma a boa correlação entre FFR e iFR, ainda que dita correlação não seja perfeita e sempre haja algum grau de divergência, o que trouxe preocupações inicialmente. No entanto, os estudos que utilizaram um terceiro método validado para detectar isquemia – como a tomografia com emissão de pósitrons e a medição do fluxo coronariano com Doppler – mostraram que quando houve divergência entre os dois índices na metade das vezes o terceiro estudo coincidia com o FFR e na outra metade com o iFR, o que tornaria desnecessária a avaliação híbrida que sugeríamos nos primeiros tempos do iFR, onde os valores intermediários do mesmo (0,86 a 0,94) deviam ser confirmados com FFR e adenosina.
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De maneira complementar, estudos como o DEFINE-Flair e o iFR-SWEDEHEART confirmaram a não inferioridade do uso do iFR vs. FFR em termos de eventos clínicos.
Título original: Diagnostic Performance of the Instantaneous Wave-Free Ratio Comparison With Fractional Flow Reserve.
Referência: Salvatore De Rosa et al. Circ Cardiovasc Interv. 2018 Jan;11(1):e004613.
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