Cortar propositadamente as valvas antes de montar a prótese no sistema de liberação para reduzir as chances de oclusão coronariana aguda parece ser uma manobra desesperada para forçar a indicação do implante percutâneo da valva aórtica (TAVI). Entretanto, infelizmente sempre vamos encontrar pacientes que realmente não têm outra alternativa, e é aí que a criatividade pode começar como tratamento compassivo e, então, chegar a ser uma técnica válida.
Este trabalho descreve a técnica BASILICA (Bioprosthetic or Native Aortic Scallop Intentional Laceration to Prevent Coronary Artery Obstruction) que consiste em cortar as valvas de pericárdio pela metade com um eletro-bisturi para prevenir a oclusão coronariana. A técnica foi testada primeiro in vitro e posteriormente em equinos e porcinos com bons resultados, motivo pelo qual havia chagado o momento de tentar aplicá-la como tratamento compassivo.
O procedimento se realizou em 7 pacientes, dentre os quais 6 tinham válvulas biológicas que apresentavam disfunção (tanto com stent quanto sem stent). Em um paciente se realizou o corte tanto na valva esquerda quanto na direita.
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Uma vez realizado o corte (utilizou-se qualquer uma das válvulas comercialmente disponíveis) montou-se a prótese no sistema de liberação e o procedimento continuou de maneira padrão.
Não se observou alteração hemodinâmica da prótese em nenhum dos pacientes e foi possível completar o procedimento com sucesso em todos eles e sem obstrução coronariana ou qualquer outra complicação maior. Todos os pacientes tiveram seguimento de 30 dias.
Conclusão
Esta nova técnica tem que passar o teste do tempo e hoje é reservada unicamente para tratamento compassivo de pacientes com contraindicação cirúrgica de implante valvar e contraindicação para o implante por cateterismo por óstios coronarianos muito baixos. No entanto, os resultados iniciais são promissores.
Título original: Transcatheter Laceration of Aortic Leaflets to Prevent Coronary Obstruction During Transcatheter Aortic Valve Replacement.
Referência: Jaffar M. Khan et al. J Am Coll Cardiol Intv 2018;11:677–89.
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