Insuficiência tricúspide: o MitraClip melhora a sobrevida

A insuficiência tricúspide (IT) isolada ou vinculada a outra valvoplastia esquerda está associada a maior internação por insuficiência cardíaca e mortalidade cardiovascular. Recentemente, estudos em pacientes idosos e com alto risco que receberam tratamento percutâneo de uma valvoplastia esquerda demonstraram que a presença de IT se associou a maior mortalidade.

La reparación de la válvula mitral con Mitraclip es segura en pacientes de alto riesgoExistem alguns reportes que indica que o tratamento percutâneo da valva tricúspide é factível e seguro a curto prazo.

 

Foram incluídos 117 pacientes com IT sintomática que receberam tratamento percutâneo “edge-to-edge” com MitraClip.

 

A idade média foi de 79 anos (os pacientes, em sua maioria, eram homens), e 97% dos casos se registrou classe funcional III-IV. O EuroSCORE II foi de 3,6% e o STS preditor de mortalidade foi de 5,3%. Setenta e quatro pacientes apresentaram insuficiência mitral severa, recebendo adicionalmente tratamento percutâneo “edge-to-edge” em ambas as valvas. Trinta e cinco pacientes que não exibiram diferenças em comparação com o restante sofreram morte súbita ou re-hospitalização por insuficiência cardíaca.


Leia também: Infartos durante a copa do mundo, um velho artigo que vale a pena recordar.


O sucesso do implante pôde ser constatado em 112 casos (96%). Implantaram-se 185 clipes antero-septais e 34 postero-septais. Houve uma redução do orifício regurgitante de 0,5 cm2 a 0,2 cm2 (p < 0,01).

O sucesso do procedimento (IT ≥ 1) foi de 81%.

 

O seguimento foi de 184 dias (106-363). A mortalidade global foi de 24 pacientes (21%), e a mortalidade por causa cardíaca atingiu outros 10 pacientes. 21 (18%) sujeitos apresentaram insuficiência cardíaca que requereu internação.


Leia também: FFR vs. angiografia para guiar a cirurgia de revascularização miocárdica.


O sucesso do procedimento foi um preditor independente de sobrevida livre de mortalidade e internações por insuficiência cardíaca. Um pequeno hiato de coaptação e um jato regurgitante de localização central ou antero-septal é um preditor de sucesso do procedimento.

 

Conclusão

O sucesso na redução da insuficiência tricúspide mediante a estratégia percutânea “edge-to-edge” reduz a mortalidade e a hospitalização por insuficiência cardíaca. A insuficiência tricúspide por falha na coaptação e o jato regurgitante talvez incidam na decisão de se cada paciente é anatomicamente candidato a receber a estratégia aqui abordada.

 

Comentário

Durante muitos anos a IT não foi levada em conta e agora está demonstrado que a mesma impacta na evolução dos pacientes.

 

As novas tecnologias, acompanhadas de uma curva de aprendizagem que não é simples, estão demonstrando que o tratamento percutâneo da insuficiência tricúspide é factível e seguro e melhora a sobrevida e as internações por insuficiência cardíaca.

 

É necessário fazer uma análise minuciosa da valva, do mesmo modo que ocorre com a valva mitral, para saber que pacientes são candidatos ao tratamento que nos ocupa.

 

São necessárias mais investigações para demonstrar sua utilidade.

 

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

 

Título original: Predictors of Procedural and Clinical Outcomes in Patients With Symptomatic Tricuspid Regurgitation Undergoing Transcatheter Edge-to-Edge Repair.

Referência: Christian Besler, et al. J Am Coll Cardiol Intv 2018;11:1119–28


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...