A elevação de troponinas é um achado comum em pacientes agudos que são admitidos por um serviço de emergências, inclusive em ausência de um evento coronariano agudo. Há pacientes nos quais simplesmente não podemos identificar a origem desta elevação de troponina. Inicialmente, confiamos neste marcador como exclusivamente marcador de uma síndrome coronariana aguda, e foi assim que muitos pacientes – apesar de apresentarem sinais e sintomas de outras doenças e eletrocardiogramas não concludentes –, quando apresentavam a troponina elevada, mais cedo ou mais tarde terminavam na sala de cateterismo.
Tantas coronárias normais estudamos nestes contextos que se popularizou o termo “troponinemia”.
Este trabalho investigou a associação entre a elevação de troponina com o prognóstico clínico a longo prazo em pacientes que foram admitidos com sintomas agudos em um departamento de emergência com suspeita de síndrome coronariana agudo, mas finalmente receberam alta sem um diagnóstico específico.
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Analisou-se de forma retrospectiva a coorte de 48.872 pacientes do estudo SWEDEHEART (Swedish Websystem for Enhancement and Development of Evidence-based care in Heart disease Evaluated According to Recommended Therapies Registry). Os pacientes foram estratificados de acordo com os níveis de troponinas em “menor” ou “igual” ao ponto de corte (percentil 99), sendo os níveis acima do ponto de corte divididos em tercis.
20,1% dos pacientes (n = 9.800) tiveram troponina positiva e, como era de se esperar, a prevalência de fatores de risco cardiovascular, bem como as comorbidades não cardiovasculares, foram observadas nos tercis mais altos.
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15,4% de tais pacientes com troponina positiva que na internação índice receberam alta sem um diagnóstico específico, apresentaram mais eventos (morte cardiovascular, infarto agudo do miocárdio, internações por insuficiência cardíaca ou AVC) em um seguimento médio de quase 5 anos.
Conclusão
A elevação de troponinas se associa a comorbidades cardiovasculares e não cardiovasculares e prenuncia eventos futuros em pacientes que são admitidos com sintomas agudos mas nos quais não se pode estabelecer um diagnóstico definitivo na internação índice. O termo “troponinemia” trivializa o valor prognóstico deste marcador e deveria ser evitado mesmo quando não podemos dar uma explicação à elevação de troponinas.
Título original: Cardiac Troponin Elevation in Patients Without a Specific Diagnosis.
Referência: Kai M. Eggers et al. J Am Coll Cardiol 2019;73:1–9.
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