Não existia até hoje a evidência que justificasse o implante precoce de um filtro na veia cava para reduzir o risco de tromboembolismo pulmonar em pacientes com trauma severo que têm contraindicação para anticoagulação profilática.
Este artigo, que proximamente será publicado no NEJM, traz-nos evidência contundente, perante a qual temos que nos render. O implante precoce de maneira profilática de um filtro na veia cava após um trauma grave não diminuiu a incidência de embolia pulmonar sintomática ou morte após 90 dias vs. não implantar nenhum filtro.
Este trabalho multicêntrico e controlado recrutou 240 pacientes com trauma severo (Injury Severity Score > 15. O escore vai de 0 a 75 e quanto maior o mesmo, maior a severidade) que tinham contraindicação para anticoagulação e os randomizou a implante de filtro dentro das 72 horas da admissão vs. não implante.
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O desfecho primário foi uma combinação de embolia pulmonar sintomática entre os 8 e os 90 dias no subgrupo de pacientes que sobreviveram pelo menos 7 dias e que não receberam anticoagulação profilática durante esse período de tempo.
A idade média dos pacientes foi de 39 anos e a média do escore de injúria foi de 27.
O implante precoce de filtro não resultou em uma menor incidência do desfecho primário (13,9% no grupo veia cava vs. 14,4% no grupo controle; p = 0,98).
Nenhum paciente do grupo filtro desenvolveu embolia pulmonar contra 5 pacientes no grupo controle (14,7%), incluindo um paciente que faleceu. Em 6 pacientes foram encontrados trombos no filtro.
Conclusão
A profilaxia precoce implantando um filtro na veia cava em pacientes com trauma severo não resultou em uma menor incidência de embolia pulmonar sintomática ou morte após 90 dias vs. não implantar o filtro em pacientes com contraindicação para anticoagulação profilática.
Título original: A Multicenter Trial of Vena Cava Filters in Severely Injured Patients.
Referência: Kwok M. Ho et al. N Engl J Med. 2019 Jul 7. [Epub ahead of print].
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