Menos mismatch com as válvulas autoexpansíveis

O conceito de mismatch protético (PPM), foi introduzido por Rahimtoola em 1978 e refere-se ao fato de a área efetiva de uma prótese ser pequena com relação à superfície corporal do paciente. No que às válvulas cirúrgicas se refere, isso está muito bem analisado, mas com relação às percutâneas a informação ainda é escassa.

Degeneración de las válvulas biológicas aórticas: un desafío cada vez más frecuente

Foram analisados 757 pacientes que tinham recebido TAVI e apresentavam um eco-Doppler pré e pós-procedimento no qual foi possível analisar o PPM. Dentre os pacientes analisados, 420 receberam válvulas expansíveis por balão (BEV) SAPIEN THV, XT SAPIEN 3 e 337 receberam válvula autoexpansível (SEV) CoreValve e Evolut R.

O PPM foi classificado no momento da alta levando em consideração a área aórtica efetiva e o BMI, sendo classificado como severo quando era < 0,65 cm2/m2 e moderado quando era de 0,65 a 0,85 cm2/m2 na população geral. Em relação à população com obesidade (BMI ≥ 30 Kg/m2) considerou-se severo um PPM < 0,60 cm2/m 2 e moderado um PPM  de 0,60 a 0,90 cm2/m2.


Leia também: Mismatch protético em válvulas supra-anulares e intra-anulares.


Devido ao fato de haver diferenças entre as populações, foi feito um propensity score, ficando 224 pares de pacientes comparáveis. 

A pré-dilatação foi maior no grupo BEV, ao passo que a pós-dilatação foi maior no grupo SEV. O deslocamento ou embolização da válvula foi maior no grupo SEV. 

Em 30 dias não houve diferenças em termos de eventos, a não ser por um maior requerimento de marca-passos no grupo SEV (31,7% vs. 13,8%; p < 0,001).


Leia também: SYMPLICITY Registry: a denervação renal continua tentando não entrar no esquecimento.


A presença de regurgitação aórtica moderada ou severa foi maior nas SEV (13% vs. 6%; p = 0,02), mas a área aórtica (1,80 ± 0,46 vs. 1,68 ± 0,52; p = 0,010) e a área aórtica efetiva indexada por BMI (0,99 ± 0,27 vs. 0,93 ± 0,31; p = 0,021) foram significativamente maiores no grupo das SEV. Por outro lado, as SEV apresentaram menor gradiente em comparação com as BEV (8,28 ± 3,87 mmHg vs. 10,68 ± 4,65 mmHg; p < 0,001).

As SEV apresentaram menos PPM severo que as BEV (33,5% vs. 46,9%; p=0.003). Os pacientes com anel pequeno (área < 430 mm2) tiveram mais PPM em comparação com os que tinham anel grande (51,1 vs. 29,3%; p < 0,003), sendo numericamente mais frequente nas BEV (13,6% vs. 8,6%).

Nos pacientes com anel grande, a presença de PPM severo foi mais frequente nas BEV (16,9% vs. 5,3%; p = 0,004).

Os pacientes que receberam SEV com um BMI > 1,83 cm2 apresentaram menos PPM que aqueles que receberam BEV, mas não houve diferenças nos que apresentaram um BMI < 1,83 cm2


Leia também: A angina microvascular poderia ter gradientes de risco.


A mortalidade em um ano foi numericamente maior entre os pacientes que apresentaram PPM severo em comparação com os que apresentaram PPM moderado e com os que não tiveram PPM. Não houve diferenças na classe funcional em um ano. 

Conclusão

As SEV se associaram a uma menor frequência de PPM em comparação com as BEV, independentemente da área do anel. Esta diferença foi conduzida principalmente pelos pacientes com um BMI > 1,83 m2.

Título original: Prosthesis-Patient Mismatch Following Transcatheter Aortic Valve Replacement With Supra-Annular and Intra-Annular Prostheses.

Referência: Taishi Okuno, et al. Article in Press.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

Fibrilação atrial após oclusão percutânea do forame oval patente: estudo de coorte com monitoramento cardíaco implantável contínuo

A fibrilação atrial (FA) é uma complicação bem conhecida após a oclusão do forame oval patente (FOP), com incidência relatada de até 30% durante...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...