AHA 2019 | Treat Stroke to Target: terapia agressiva com estatinas pós-AVC

Segundo este trabalho apresentado nas sessões científicas do congresso AHA 2019 e simultaneamente publicado no NEJM, indicar estatinas para alcançar metas mais agressivas de LDL em pacientes que sofreram acidente isquêmico transitório ou um AVC isquêmico de origem aterosclerótica reduz significativamente os eventos cardiovasculares maiores. 

Treat Stroke to Target: terapia agresiva con estatinas post stroke

O estudo foi detido prematuramente por falta de financiamento, mas de qualquer forma foi suficiente para fechar a brecha de conhecimento que existia em relação ao melhor objetivo do LDL após um AVC. 

A conclusão foi que aqueles pacientes que apresentaram um evento vascular cerebral isquêmico com evidência de doença aterosclerótica se beneficiaram de um objetivo de LDL de 70 mg/dl ou menos utilizando estatinas e eventualmente acrescentando ezetimibe, tendo como base de comparação os pacientes com um objetivo de LDL de entre 90 e 110 mg/dl.

As diretrizes da prática clínica atuais já recomendavam uma terapia intensiva com estatinas nesses pacientes baseando-se, sobretudo, no estudo SPARCL, mas não estava claro ainda que objetivo de LDL devíamos alcançar. 


Leia também: AHA 2019 | Sapien vs. Evolut: parece ineludível um estudo randomizado cabaça a cabeça.


O Treat Stroke to Target foi realizado em 77 centros da Coreia e da França com o objetivo de incluir quase 4.000 pacientes. O recrutamento foi mais lento do que se esperava, motivo pelo qual o ensaio foi concluído quando tinha 2.873 pacientes incluídos em tratamento com estatinas, ezetimibe ou ambos e randomizados a um objetivo de 70 mg/dl de LDL vs. um objetivo de 90-110 mg/dl. 

Após 3,5 anos de seguimento a coorte randomizada a uma terapia intensiva tinha alcançado uma média de 65 mg/dl de LDL vs. 95 mg/dl do braço com uma terapia mais moderada.

O desfecho primário de novo AVC isquêmico, novos sintomas que levassem à revascularização coronariana ou carotídea urgente e morte cardiovascular foi de 8,5% no grupo intensivo vs. 10,9% do grupo mais moderado com uma diferença em termos de redução do risco relativo de 22% (HR 0,78; IC 95%: 0,61-0,98).


Leia também: AHA 2019 | TWILIGHT: descontinuar a aspirina após uma síndrome coronariana aguda.


Um dos temores da terapia agressiva era a chance de aumentar os sangramentos intracranianos, mas isso não aconteceu neste trabalho. Tampouco se observou um aumento da incidência de diabetes ou outros potenciais efeitos adversos das estatinas. 

Loading...

Título original: A comparison of two LDL cholesterol targets after ischemic stroke.

Referência: Amarenco P et al. N Engl J Med. 2019; Epub ahead of print.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Pré-tratamento com DAPT em síndromes coronarianas agudas: continua sendo um debate não resolvido?

Na síndrome coronariana aguda (SCA), a terapia antiplaquetária dual (DAPT) representa um pilar fundamental após a intervenção mediante angioplastia coronariana percutânea (PCI), ao prevenir...

Tratamento percutâneo da valva pulmonar com válvula autoexpansível: resultados do seguimento de 3 anos

A insuficiência pulmonar (IP) é uma doença frequente em pacientes que foram submetidos a reparação cirúrgica da Tetralogia de Fallot ou outras patologias que...

SMART-CHOICE 3 | Eficácia e segurança da monoterapia com clopidogrel vs. aspirina em pacientes com alto risco após uma intervenção coronariana percutânea

Gentileza do Dr. Juan Manuel Pérez. Ao finalizar a duração padrão da terapia antiplaquetária dual (DAPT) posterior a uma intervenção coronariana percutânea (PCI), a estratégia...

Ensaio RACE: efeito da angioplastia com balão e riociguate na pós-carga e função do ventrículo direito na hipertensão pulmonar tromboembólica crônica

Embora a endarterectomia pulmonar seja o tratamento de escolha para a hipertensão pulmonar tromboembólica crônica (HPTEC), até 40% dos pacientes não são candidatos elegíveis...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Jejum vs. não jejum antes de procedimentos cardiovasculares percutâneos

Embora em 2017 as diretrizes da Sociedade Americana de Anestesiologistas tenham sido atualizadas para permitir a ingestão de líquidos claros até duas horas e...

Dissecção espontânea do tronco da coronária esquerda: características clínicas, manejo e resultados

Gentileza do Dr. Juan Manuel Pérez. A dissecção espontânea do tronco da coronária esquerda (TCE) é uma causa infrequente de infarto agudo do miocárdio (IAM),...

Pré-tratamento com DAPT em síndromes coronarianas agudas: continua sendo um debate não resolvido?

Na síndrome coronariana aguda (SCA), a terapia antiplaquetária dual (DAPT) representa um pilar fundamental após a intervenção mediante angioplastia coronariana percutânea (PCI), ao prevenir...