Muitos estudos têm tentado determinar se existe um dispositivo para implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) que seja superior aos demais. Hoje não existe tal evidência e provavelmente para a maioria dos pacientes seja mais importante a experiência do operador com o dispositivo do que o dispositivo em si.
Contudo, há determinados pacientes com características específicas que podem se beneficiar com a escolha de um dispositivo específico.
A presença de cálcio no nível anular ou subanular e a necessidade de um futuro acesso às coronárias podem ser um fator determinante na decisão.
O seguimento de 5 anos do estudo CHOICE foi recentemente publicado e não pôde mostrar diferença em 241 pacientes de alto risco tratados com a prótese autoexpansível CoreValve vs. a prótese balão-expansível Sapien XT. A hemodinâmica favoreceu a CoreValve e a deterioração estrutural foi muito pouco frequente em ambas (embora um pouco mais na Sapien XT).
Dois estudos observacionais publicados no ano passado mostraram uma menor chance de insuficiência paravalvar e inclusive uma menor taxa de mortalidade nos pacientes tratados com a prótese balão-expansível. Os resultados são intrigantes, mas têm as limitações inerentes dos registros.
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Os trabalhos randomizados cabaça a cabeça dão uma ideia bastante razoável do panorama, mas estão desenhados para incluir pacientes ideais para qualquer dispositivo. Justamente é o contrário do que buscamos saber, isto é, que paciente é ideal para um dispositivo e não para outro.
A calcificação coronariana, o risco de obstrução e a necessidade de acesso futuro podem inclinar a balança. A calcificação severa da via de saída pode respaldar a prótese autoexpansível vs. a Sapien.
Outros fatores que podem influir são a angulação do arco aórtico, o tamanho dos seios coronarianos, o perfil do sistema de liberação, o risco de regurgitação paravalvar e a necessidade de marca-passo definitivo.
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Os pacientes com distúrbios de condução como o bloqueio completo do ramo direito ou aqueles que possuem um septo membranoso muito curto podem ser melhores candidatos à prótese balão-expansível.
O acesso futuro às coronárias pode inclinar a balança para a prótese balão-expansível. Isso é especialmente válido para os jovens, nos quais quanto maior for a expectativa de vida, maiores serão as chances de doença coronariana futura.
Estão em andamento os estudos preliminares com outros dispositivos como a válvula JenaValve e a J-Valve, desenhadas para tratar a insuficiência aórtica nativa pura, além da estenose.
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Já mais avançadas na pesquisa estão as próteses autoexpansíveis Acurate e Portico.
Título original: Considerations for optimal device selection in transcatheter aortic valve replacement: a review.
Referência: Claessen BE et al. JAMA Cardiol. Published online September 9, 2020.doi:10.1001/jamacardio.2020.3682.
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