Há pouco mais de um ano foi publicado no JACC o consenso de especialistas sobre como manejar os distúrbios de condução pós-implante percutâneo valvar aórtico (TAVI). Dita publicação homogeneizou critérios e foi bem recebida por todos os operadores que, perante a dúvida, tendiam a indicar o marca-passo definitivo precocemente ou atrasavam a alta muitos dias para monitorar o paciente.
Esses critérios, no entanto, não deixavam de ser um consenso de especialistas, motivo pelo qual deviam ser validados ao longo do tempo e, fundamentalmente, na prática clínica diária.
Esta análise foi feita com base em um registro que classificou os pacientes seguindo o algoritmo do consenso em: pacientes elegíveis para alta precoce (dia 1 ou 2 pós-TAVI); pacientes de alto risco de bloqueio de alto grau e que requerem monitoramento adicional e, finalmente, aqueles com indicação de marca-passo.
O desfecho primário foi a taxa de implante de marca-passos por bloqueio de alto grau ou bloqueio completo em 30 dias. Todos os pacientes com marca-passo prévio, valve-in-valve ou sem eletrocardiograma prévio foram excluídos.
De 1439 pacientes submetidos a TAVI entre 2014 e 2019 73% foi elegível para alta precoce, 21% tinha alto risco de bloqueio completo e os 6% restantes requeriam implante de marca-passo.
Leia também: Consenso de especialistas sobre a indicação de marca-passo pós-TAVI.
A taxa de implante de marca-passos 30 dias após o TAVI foi de 16% (234 pacientes). 2,7% do grupo elegível para alta precoce finalmente requereu marca-passo dentro dos 30 dias, 41% do grupo com alto risco de bloqueio e 100% dos pacientes com indicação de marca-passo.
Conclusão
O algoritmo do consenso de especialistas sobre distúrbios de condução pós-TAVI pôde identificar com segurança os pacientes com necessidade marca-passo. Essa estratégia permite um manejo mais uniforme, facilita a alta precoce dos pacientes de baixo risco e evita prolongar desnecessariamente o monitoramento em 3 de cada 4 pacientes.
Título original: Validation of the 2019 Expert Consensus Algorithm for the Management of Conduction Disturbances After TAVR.
Referência: Daniel Malebranche et al. J Am Coll Cardiol Intv. 2021 May, 14 (9) 981–991.
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