ESC 2021 | GREENNESS: Inesperado novo fator protetor contra a doença cardiovascular

O que é o “Greenness”? Em português talvez possamos chamá-lo de “verdor”, embora não exista uma tradução exata para o termo. Esse fator –que é tecnicamente definido como a proximidade ou a presença de vegetação, sendo a mesma medida por fotos de satélites – poderia funcionar como um novo protetor contra a doença cardiovascular. 

Este estudo comparou durante 5 anos (tempo total da pesquisa) indivíduos que viveram no tercil mais baixo de “greeness” com aqueles que viveram no tercil mais alto (isto é, os que conviveram mais com a natureza). 

Viver em espaços abertos diminuiu em 16% a probabilidade de infarto agudo do miocárdio, fibrilação atrial, insuficiência cardíaca, cardiopatia isquêmica, hipertensão ou AVC (p < 0,001).

Aqueles indivíduos que desenvolveram doença cardiovascular apesar de viverem nos espaços mais verdes tiveram um efeito protetor já que apresentaram muito menos eventos subsequentes que seus companheiros citadinos. 

Durante o período estudado realizou-se em Miami um programa de plantação de árvores e de ampliação de espaços verdes muito ambicioso. 

Isso permitiu que muitas pessoas inicialmente classificadas no tercil mais baixo em 2011 passassem ao tercil intermediário ou inclusive ao mais alto em 2016.

Essas mudanças trouxeram consigo aproximadamente 15% de redução de novos diagnósticos de doença cardiovascular em comparação com aquelas pessoas que se mantiveram no tercil mais baixo (p < 0,001).

Dita associação parece bastante evidente, embora a maneira em que os espaços verdes impactam diretamente no desenvolvimento da doença cardiovascular ainda não esteja clara. Embora tenham sido ajustados dados óbvios como a qualidade do ar, da água, o estilo de vida, a dieta, os fatores de risco clássicos, o exercício, o estresse ou o acesso a centros de saúde, outros fatores como os socioeconômicos não puderam ser levados em conta. 


Leia também: ESC 2021 | ENVISAGE-TAVI AF: surpresas com o edoxabana em TAVI e fibrilação atrial.


O conceito poderia ser incorporado à educação dos pacientes sobre alimentação saudável e exercício regular, preferentemente em espaços naturais, se possível. 

Se nas vizinhanças não existem áreas com suficiente natureza ou qualquer tipo de espaço aberto, a questão deveria ser proposta politicamente para que todas as pessoas tenham acesso equitativo aos ambientes verdes. 

Título original: Longitudinal impact of greenness on cardiovascular disease conditions.

Referência. Aitken W, presentado durante el congreso de la ESC en agosto 2021.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

AHA 2025 | DAPT-MVD: DAPT estendido vs. aspirina em monoterapia após PCI em doença multivaso

Em pacientes com doença coronariana multivaso que se mantêm estáveis 12 meses depois de uma intervenção coronariana percutânea (PCI) com stent eluidor de fármacos...

AHA 2025 | TUXEDO-2: manejo antiagregante pós-PCI em pacientes diabéticos multivaso — ticagrelor ou prasugrel?

A escolha do inibidor P2Y12 ótimo em pacientes diabéticos com doença multivaso submetidos a intervenção coronariana percutânea (PCI) se impõe como um desafio clínico...

AHA 2025 | OPTIMA-AF: 1 mês vs. 12 meses de terapia dual (DOAC + P2Y12) após PCI em fibrilação atrial

A coexistência de fibrilação atrial (FA) e doença coronariana é frequente na prática clínica. Os guias atuais recomendam, para ditos casos, 1 mês de...

AHA 2025 | Estudo OCEAN: anticoagulação vs. antiagregação após ablação bem-sucedida de fibrilação atrial

Após uma ablação bem-sucedida de fibrilação atrial (FA), a necessidade de manter a anticoagulação (ACO) a longo prazo continua sendo incerta, especialmente considerando que...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...