O TAVI demonstrou seu grande benefício por acesso femoral nos diferentes grupos de risco, mas a incógnita persiste em relação a sua durabilidade a longo prazo.
Atualmente contamos com análises pequenas e somente um estudo randomizado com 280 pacientes e um seguimento de 8 anos, o NOTION Trial, no qual o TAVI demostrou menor degeneração valvar que a cirurgia (AVR).
O estudo SURTAVI randomizou 1660 pacientes de risco cirúrgico intermediário a TAVI ou cirurgia de substituição da valva aórtica. Dentre eles, 864 foram submetidos a TAVI e 796 a AVR.
O desfecho primário (DP) para esta análise foi morte por qualquer causa ou AVC incapacitante em seguimento de 5 anos.
As válvulas percutâneas utilizadas com maior frequência foram a CoreValve (86%) e em menor medida a Evolut R (14%).
As populações foram similares, a idade média foi de 79 anos, 56% da população esteve composta por homens, 34% apresentavam diabetes, 63% tinham doença coronariana, 14% infarto prévio, 16% CRM, 27% fibrilação atrial, 9% marca-passo prévio.
Foi feita revascularização com ATC em 13,1% dos pacientes submetidos a TAVI e CRM em 22,1% dos que foram submetidos a AVR.
O STS Score de mortalidade foi de 4.4%.
Não houve diferença no DP do seguimento de 5 anos: TAVI 31,3% vs. AVR 30,8% (HR:1,06 [95% CI, 0,88-1,28]; p = 0,55). Tampouco houve diferenças em termos de mortalidade por qualquer causa, mortalidade cardíaca, AVC incapacitante, infarto, endocardite, trombose valvar, internação por insuficiência cardíaca, classe funcional e qualidade de vida.
Embora a necessidade de marca-passo tenha sido maior em 2 anos, não houve diferenças entre o segundo e quinto ano.
A necessidade de reintervenção foi maior no grupo TAVI dentro dos dois primeiros anos (21 [2,5%] vs. 4 [0,5%]; HR, 4,81 [95% CI: 1,65-14,0]; log-rank p = 0,002), sem diferenças entre o segundo e o quinto ano.
Na análise ecocardiográfica o TAVI apresentou uma área valvar maior (2,2 cm2 vs. 1,8 cm2; p < 0,001), menor gradiente (8,6 mmHg vs. 11,2 mmHg; p < 0,001) e menos mismatch protético: 3,8% vs. 14% (risk difference: −10,26% [95%CI: −14,98% a −5,53%]; p < 0,001).
A presença de regurgitação paravalvar moderada a severa foi de 3% para TAVI vs. 0,7% para AVR (risk difference: 2,37% [95% CI: 0,17%-4,85%]; p = 0,05).
Conclusão
Os pacientes com risco intermediário com estenose aórtica severa em 5 anos de seguimento apresentaram uma evolução similar na presença de eventos clínicos maiores com TAVI em comparação com a cirurgia. O TAVI se associou a um perfil hemodinâmico melhor mas com mas regurgitação paravalvar e reintervenções.
Dr. Carlos Fava.
Miembro del Consejo Editorial de SOLACI.org.
Título Original: Replacement in Intermediate-Risk Patients. 5-Year Outcomes of the SURTAVI Randomized Clinical Trial.
Referência: Nicolas M. Van Mieghem, et al. JAMA Cardiol. 2022;7(10):1000-1008. Self-expanding Transcatheter vs Surgical Aortic Valve.
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