A presença de uma subexpansão do stent no território coronariano tem sido considerada um dos maiores preditores de falha do stent no seguimento, motivo pelo qual melhorar a expansão do stent tem redundado em melhora dos desfechos clínicos e imaginológicos.
Nas angioplastias coronarianas (ACTP) de lesões severamente calcificadas, uma das maiores dificuldades é o delivery do stent sobre as placas duras e a subexpansão posterior ao realizar sua colocação.
Dentre as ferramentas para seu tratamento existem algumas como a aterectomia rotacional (AR), outras que são dependentes da pressão barométrica (balões de alta pressão) e métodos mecânicos para a ruptura da placa, como os balões especiais de modificação de placa (MB), entre eles o scoring balloon o cutting balloon (CB), ou métodos de fragmentação com ultrassom, como o Shockwave.
A combinação de duas técnicas com diferentes mecanismos de modificação de placa pode ter um efeito sinérgico, melhorando assim os resultados de perviedade.
O objetivo deste estudo, denominado PREPARE-CALC-COMBO, foi avaliar a eficácia e a segurança de forma angiográfica e com tomografia de coerência ótica (OCT) em pacientes tratados com AR seguida de CB (Rota-Cut) antes do implante de um stent.
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Trata-se de um estudo prospectivo de um único ramo, realizado em um centro de alto volume da Alemanha, que incluiu pacientes com isquemia documentada e lesões severamente calcificadas.
O desfecho primário (DP) foi o ganho agudo do lúmen (ALG) na análise com QCA e o desfecho coprimário foi a expansão do stent (SE) na análise com OCT.
A idade média dos pacientes submetidos a Rota-Cut foi de 74,9 ± 8,2 anos. 78,2% deles eram do sexo masculino e 30,9% eram diabéticos. Em 91% dos casos os pacientes tinham síndrome coronariana crônica, com boa fração de ejeção na maioria dos casos.
O DP de ALG foi significativamente maior nos pacientes Rota-Cut (1,92 ± 0,45 mm) em comparação com o grupo controle de MB (1,74 ± 0,45 mm; p = 0,001) e AR (1,70 ± 042 mm; p < 0,001).
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Foram obtidos dados de OCT em 69% dos procedimentos e observou-se que o evento coprimário de SE foi comparável entre a coorte Rota-Cut e os procedimentos individuais (75,1 ± 13,8% vs. 73,5 ± 13 com MB e 73,1 ± 12,2 com AR). Contudo, ao avaliar outras medições, em Rota-Cut foi observada uma área mínima de stent (MSA) maior de maneira significativa (7,1 ± 2,2 vs. 6,1 ± 1,7 mm; p = 0,003).
Ao avaliar a segurança do procedimento observou-se maior tempo de fluoroscopia e contraste usado, maior índice de dissecções > 5 mm sem haver um aumento de eventos como perfuração ou derrame pericárdico.
Conclusões
O desfecho primário de ALG foi maior com o Rota-Cut em comparação com a AR ou MB de maneira individual. Por sua vez, observou-se um incremento do MSA, sem que se tenha observado uma diferença significativa da expansão do stent.
O ganho de lúmen observado respalda a ideia do efeito sinérgico de duas estratégias distintas, independentemente de a magnitude observada ter sido modesta. Estes dados servem para comprovar que a combinação de técnicas é uma alternativa possível e segura.
Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Referência: Allali, Abdelhakim et al. “Combined rotational atherectomy and cutting balloon angioplasty prior to drug-eluting stent implantation in severely calcified coronary lesions: The PREPARE-CALC-COMBO study.” Catheterization and cardiovascular interventions : official journal of the Society for Cardiac Angiography & Interventions vol. 100,6 (2022): 979-989. doi:10.1002/ccd.30423.
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