ACC 2023 | Estudo COAPT: seguimento de 5 anos após a reparação transcateter da insuficiência mitral secundária

Foram apresentados no ACC 2023 os resultados do seguimento de 5 anos do estudo multicêntrico open label COAPT (Cardiovascular Outcomes Assessment of the MitraClip Percutaneous Therapy for Heart Failure Patients with Functional Mitral Regurgitation) que incluiu 614 pacientes com insuficiência cardíaca (IC) de moderada a severa (3+) ou severa (4+) e insuficiência mitral secundária sintomática apesar do tratamento médico completo. 

ACC 2023 | Estudio COAPT: Seguimiento de 5 años después de la reparación transcatéter de insuficiencia mitral secundaria

Os pacientes foram randomizados 1:1 a MitraClip + tratamento médico (n = 302) e a tratamento médico somente (n = 312). Os resultados em 24 meses demonstram que os pacientes tratados com MitraClip tiveram melhor sobrevida, uma redução nas hospitalizações por IC e uma melhora na qualidade de vida em comparação com o tratamento médico somente. 

É importante destacar que, segundo relata o autor, os pacientes randomizados a tratamento médico somente não podiam “cruzar” ao grupo MitraClip até os 24 meses. Depois desse período o cruzamento era permitido. 

O objetivo deste estudo foi descrever os resultados de 5 anos de seguimento e analisar o impacto do tratamento com MitraClip em pacientes encaminhados a tratamento médico somente. 

Leia também: ACC 2023 | Subanálise do Estudo REVIVED-BICS2.

As hospitalizações por IC foram definidas como desfecho primário (DP) e também houve um desfecho de segurança. A idade média foi de 72 anos e a maioria dos pacientes eram homens. Mais da metade de toda a população apresentava alto risco cirúrgico. A etiologia na maioria dos casos era isquêmica e a forma de apresentação clínica mais frequente foi classe III de NYHA seguida de classe II. 

No que se refere aos resultados, as hospitalizações por IC em 5 anos foram significativamente menores no grupo MitraClip do que no grupo tratamento médico somente (HR [95% CI] = 0,51 [0,39, 0,66]). 

Leia também: ACC 2023 | Estudo YELLOW III. Efeito do Evolocumabe nas características da placa coronariana na doença coronariana estável.

A taxa de morte ou hospitalização por IC também foi significativamente menor: no grupo MitraClip foi d e 73,6% e no grupo tratamento médico somente foi de 91,5% (HR [95% CI] = 0,53 [0,44-0,64]). Ao analisar os pacientes submetidos a “crossover” ao grupo MitraClip observou-se que apresentavam resultados similares no seguimento aos do grupo MitraClip, o que demonstra o benefício da intervenção. 

Conclusão 

Em pacientes com IC e insuficiência mitral severa secundária sintomática o tratamento com MitraClip mais o tratamento médico demonstrou ser seguro, reduziu as hospitalizações por IC e melhorou a sobrevida em 5 anos. Tal benefício foi consistente em todos os subgrupos. Por isso os pacientes candidatos a MitraClip devem ser identificados e avaliados para receber tratamento o antes possível. 

Dr. Andrés Rodríguez

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: 5-Year Follow-Up After Transcatheter Repair of Secondary Mitral Regurgitation The COAPT Trial.

Autor: G.W. Stone MD.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

Fibrilação atrial após oclusão percutânea do forame oval patente: estudo de coorte com monitoramento cardíaco implantável contínuo

A fibrilação atrial (FA) é uma complicação bem conhecida após a oclusão do forame oval patente (FOP), com incidência relatada de até 30% durante...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...