O implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) demostrou um grande benefício desde seus começos, incluindo na atualidade até mesmo os pacientes de baixo risco. Uma das perguntas que surge é se a esperança de vida dos pacientes que necessitam substituição da valva é maior do que as expectativas de durabilidade da prótese selecionada.
O crescimento do número de procedimentos traz consigo o questionamento sobre que terapêutica é melhor caso haja necessidade de reintervenção, se substituição cirúrgica (SAVR) ou TAVI.
O objetivo deste estudo retrospectivo foi avaliar o risco de refazer a SAVR após o TAVI em comparação com SAVR após SAVR. Há uma coorte de pacientes que são submetidos a TAVI em SAVR (valve in valve), que depois são submetidos a SAVR (SAVR-TAVI-SAVR). Além disso, outro objetivo foi avaliar o risco relativo comparado entre TAVI-SAVR e SAVR-SAVR. A hipótese dos pesquisadores foi a de que realizar SAVR após TAVI ocasionaria um aumento da mortalidade e da morbidade.
O desfecho primário foi a taxa de mortalidade definida como todas as mortes dentro dos 30 dias ou durante a hospitalização índice. O desfecho secundário incluiu acidente cerebrovascular, ARM prolongada, infecção profunda da esternotomia, reoperação e insuficiência renal.
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Foram incluídos 31.106 pacientes na análise realizada entre 2011 e 2021, dentre os quais 29.306 eram do grupo SAVR-SAVR, 1126 eram do grupo TAVI-SAVR e 674 eram do grupo SAVR-TAVI-SAVR. Os pacientes do grupo TAVI-SAVR eram mais idosos e com maiores comorbidades que os dos outros dois grupos. A taxa de mortalidade foi mais alta no grupo TAVI-SAVR (17%), seguido do grupo SAVR-TAVI-SAVR, com 12%, e depois do grupo de pacientes SAVR-SAVR, com 9% (p < 0,0001). A taxa de morbidade também diferiu entre os três grupos. Quando se comparou com o grupo SAVR-SAVR, o risco ajustado de mortalidade foi significativamente mais alto para o grupo TAVI-SAVR (OR: 1,53, p = 0,004), mas não para o grupo SAVR-TAVI-SAVR (OR: 1,02, p = 0,927). Após levar a cabo um escore de propensão para homogeneizar os grupos, observou-se que a taxa de mortalidade de SAVR isolada foi 1,7 vezes mais alta no grupo TAVI-SAVR do que no grupo SAVR-SAVR (p = 0,020).
Conclusão
O número de reoperações após ao TAVI está em aumento e representa uma população de alto risco. O SAVR após o TAVI está associado independentemente a um aumento do risco de mortalidade. Os pacientes com maior expectativa de vida e que não apresentem características anatômicas para serem submetidos a um novo TAVI deveriam considerar a SAVR como primeira estratégia.
Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Redo Surgical Aortic Valve Replacement After Prior Transcatheter Versus Surgical Aortic Valve Replacement.
Referência: Robert B. Hawkins, MD, MSC et al J Am Coll Cardiol Intv 2023;16:942–953.
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