A substituição valvar aórtica (AVR, por suas siglas em inglês) é recomendada em casos de estenose aórtica (AS) sintomática, ao passo que para pacientes sintomáticos se aconselha um acompanhamento intensivo, a menos que os pacientes apresentem gradientes aórticos elevados, fração de ejeção reduzida ou testes de esforço anômalos.
O momento ótimo para realizar a AVR continua, no entanto, sendo incerto, especialmente tendo em vista a experiência recente que sugere que os pacientes com AS que mostram sinais de dano miocárdico apresentam uma taxa de mortalidade mais elevada a longo prazo, bem como piores resultados, inclusive em ausência de sintomas.
Na atualidade os procedimentos de substituição valvar aórtica transcateter (TAVR) apresentam um risco e uma recuperação mais favoráveis quando comparados com a cirurgia convencional. Contudo, ainda é necessário ampliarmos nossa compreensão nessa estratégia em pacientes assintomáticos ou com sintomas mínimos e AS severa.
O objetivo deste estudo retrospectivo foi avaliar os resultados em pacientes com sintomas mínimos tratados com TAVR devido a sua estenose aórtica severa.
O desfecho primário (DP) foi definido como uma combinação de eventos adversos em 30 dias que incluíssem morte, acidente vascular cerebral, sangramento maior, lesão renal aguda de estágio III, necessidade de diálise e regurgitação paravalvar moderada a severa.
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Dentre os 231.285 pacientes com EA tratados com TAVR, 20% apresentavam sintomas mínimos. A idade média foi de 80 anos e 47,5% da população estava composta por mulheres. A sobrevivência em um ano foi mais alta entre os pacientes com sintomas mínimos em comparação com aqueles com sintomas moderados ou severos (HR de morte: 0,70 [IC 95%: 0,66-0,75]).
Além disso, os pacientes com sintomas mínimos experimentaram uma melhora de 2,7 pontos (IC 95%: 2,6-2,9) no questionário de qualidade de vida no seguimento de 30 dias e de 3,8 pontos (IC 95%: 3,6-4,0) em um ano, em contraste com os incrementos de 32,2 pontos (IC 95%: 32,0-32,3) em 30 dias e 34,9 pontos (IC 95%: 34,7-35,0) em um ano em pacientes mais sintomáticos. Os pacientes com sintomas mínimos tinham uma maior probabilidade de estar vivos em um ano (OR: 1,19 [IC 95%: 1,16-1,23]).
Conclusão
Em resumo, este estudo demonstrou que os pacientes com sintomas mínimos relacionados com estenose aórtica experimentam menos complicações após o procedimento e melhores resultados em um ano pós-TAVR em comparação com pacientes mais sintomáticos. São necessários ensaios clínicos randomizados para confirmar a segurança e a eficácia da TAVR em pacientes com sintomas mínimos ou assintomáticos com estenose aórtica severa.
Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Outcomes of Transcatheter Aortic Valve Replacement in Asymptomatic or Minimally Symptomatic Aortic Stenosis.
Referência: Chetan P. Huded, MD, MSC et al J Am Coll Cardiol Intv 202.
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