A incidência de AVC após o TAVI oscila entre 2% e 5%, dependendo das séries, o que se associa com uma maior morbimortalidade e afeta a qualidade de vida do paciente e seu entorno psicossocial.
Em consequência, foram desenvolvidos diversos sistemas de proteção cerebral e embora tenham sido demonstrados certos benefícios em vários estudos, ainda não foi claramente definido o papel de ditos sistemas na prática atual.
Com o objetivo de avançar nessa área, foi levada a cabo uma análise do Estudo CAPTIS (First in Man), que incluiu 20 pacientes com estenose aórtica severa sintomática. O CAPTIS é um sistema de proteção desenhado para realizar a proteção contra a embolia nos vasos do pescoço e da periferia.
O desfecho primário de segurança (DPS) foi definido como a ocorrência de MACCE em 72 horas, abrangendo morte por qualquer causa ou qualquer tipo de AVC.
A idade média dos pacientes foi de 76 anos, com 9 mulheres incluídas no grupo. Catorze pacientes apresentavam diabetes, 17 apresentavam dislipidemia, 8 tinham sido submetidos previamente a ATC e 4 a cirurgia de revascularização miocárdica (CRM).
A válvula mais utilizada foi a Sapien 3 (em 14 pacientes), ao passo que no resto foi implantada a Evolute Pro. Foi feita pré-dilatação em 7 pacientes e não foi necessário fazer pós-dilatação em nenhum dos incluídos. O dispositivo foi posicionado, liberado e retirado sem complicações em todos os casos. A liberação do dispositivo tardou 7 minutos e sua retirada, 4 minutos. O procedimento de TAVI foi levado a cabo em todos os pacientes sem que tenham sido registrados incidentes.
Não se registrou nenhum DPS em nenhum paciente, embora dois tenham apresentado sangramento com necessidade de transfusão.
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A análise histopatológica revelou partículas em todos os pacientes, com uma média de 1448 partículas de mais de 1 mm e 13 de mais de 2 mm. As partículas estavam compostas principalmente de trombos frescos e organizados, tecido arterial e valvar. Em 9 pacientes foram encontradas partículas de cálcio e em 4 identificou-se tecido miocárdico.
Conclusão
A aplicação do sistema de proteção CAPTIS, que resguarda todo o organismo durante o TAVI, demonstrou ser segura e capturou uma quantidade substancial de partículas de detritos. Nenhum paciente experimentou um evento cerebrovascular. Enfatiza-se a necessidade de realizar estudos randomizados para avaliar a eficácia de maneira mais irrefutável.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: First-in-human study of the CAPTIS embolic protection system during transcatheter aortic valve replacement.
Referência: Haim D. Danenberg, et al. EuroIntervention 2023;19-online publish-ahead-of-print October 2023.
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