A estenose aórtica severa se associa frequentemente com uma calcificação significativa e irregular, que tende a ser mais predominante no seio não coronariano. A expansão incompleta da válvula, observável mediante fluorescência após o seu implante, pode levar a alterações no perfil hemodinâmico e favorecer a deterioração estrutural da válvula aórtica percutânea.
Na atualidade não está estabelecido com clareza o verdadeiro impacto da falta de expansão nem o grau de expansão necessário para provocar alterações hemodinâmicas ou eventos adversos futuros.
Em dito contexto, foi feita uma análise de 1216 pacientes submetidos a TAVI com válvulas balão-expansíveis SPAIEN ou SAPIEN 3. O índice de assimetria foi avaliado conforme a seguinte fórmula (%): (altura maior/altura menor) – 1 x 100, sendo alto o nível acima de 5,5%.
Observou-se um índice de assimetria alto (IAA) em 206 pacientes (17,2%). A idade média foi de 81 anos, 34% dos pacientes eram mulheres, com um escore de risco STS de mortalidade de 4,3%, estando a maioria em classe funcional III-IV.
7% dos casos correspondiam a valvas bicúspides, com uma área valvar aórtica de 0,78 cm² e uma fração de ejeção de 55%. O diâmetro médio do anel foi de 25 mm. Os pacientes com um IAA apresentaram gradientes mais altos (65 mmHg vs. 60 mmHg para gradiente pico e 43 mmHg vs. 39 mmHg para gradiente médio, respectivamente).
O gradiente médio ≥ 20 mmHg foi mais frequente nos pacientes com IAA (18,7% [n = 39] vs. 1,2% [n = 12]; OR: 19,34; IC 95%: 9,32-40,16; P < 0,001), bem como a regurgitação paravalvar ≥ moderada (5,7% [n = 12] vs. 0,3% [n = 3]; OR: 19,70; IC 95%: 5,35-72,58; P < 0,001).
Na curva ROC, a assimetria demonstrou ser um excelente preditor de alterações na performance hemodinâmica das válvulas balão-expansíveis (0,88; IC 95%: 0,84-0,92; P < 0,001), com um ponto de corte > 5%, que mostrou uma sensibilidade de 77% e uma especificidade de 86%.
A deterioração estrutural foi similar entre os dois grupos (3,9% vs. 3,6%; OR: 1,21; IC 95%: 0,51-2,86; P = 0,670). Em 30 dias não foram observadas diferenças em termos de mortalidade por qualquer causa nem de mortalidade cardiovascular (1,4% vs. 1,7% e 1% vs. 1,3%, respectivamente). Tampouco houve diferenças na incidência de mortalidade e acidente vascular cerebral em um ano.
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Em 5 anos de seguimento não foram observadas diferenças em termos de mortalidade por qualquer causa nem de mortalidade cardíaca (21,1% vs. 26,2% e 13,9% vs. 17,6%, para IAA e para os pacientes sem assimetria, respectivamente).
Conclusão
A expansão assimétrica das válvulas de expansão com balão se associou com alterações hemodinâmicas em seu funcionamento, mas não impactou na evolução clínica a longo prazo.
Título Original: Asymmetrical Expansion of Balloon-Expandable Transcatheter Aortic Valve Prostheses Implications for Valve Hemodynamic and Clinical Outcomes.
Referência: Annette Maznyczka, et al. JACC Cardiovasc Interv. 2024;17:2011–2022.
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