A insuficiência mitral (IM) é uma valvulopatia frequente que se associa a insuficiência cardíaca internações e mortalidade.

Nas mulheres, a doença costuma estar subdiagnosticada e, em algumas análises, foi associada com uma evolução menos favorável após a cirurgia de reparação valvar.
O tratamento borda a borda da valva mitral (M-TEER) demonstrou ser eficaz e seguro em pacientes de alto risco, com bons resultados no seguimento. No entanto, a informação disponível sobre a evolução comparada entre mulheres e homens com essa estratégia ainda é limitada.
Uma análise do Estudo CLASP IID (randomizado) incluiu pacientes com IM degenerativa de grau 3+ ou 4+, sintomáticos e não candidatos a cirurgia. Foram analisados 294 pacientes, dentre os quais 102 eram mulheres. O procedimento teve lugar utilizando os dispositivos PASCAL ou PASCAL ACE. Foi definido como MAE o desfecho composto de mortalidade cardiovascular, infarto, AVC, necessidade de diálise, sangramento severo e reintervenção (percutânea ou cirúrgica).
A idade média da população foi de 81 anos. O risco STS de reparação foi de 4% e o de substituição foi de 5%. A prevalência de hipertensão foi de 88%, a de diabete foi de 13%, a de insuficiência renal de 37%, a de doença vascular periférica de 7% e a de DPOC foi de 34%. A doença coronariana e os antecedentes de angioplastia foram mais frequentes nos homens.
A IM foi 4+ em 75% dos casos, com um orifício regurgitante efetivo por PISA de 0,45 cm², um volume regurgitante de 70 ml e uma veia contracta de 0,65 cm².
O sucesso do implante foi de 99%, o número de dispositivos implantados foi menor nas mulheres (1,4 vs. 1,6; p = 0,009) e os homens foram submetidos mais frequentemente a implante de 2 ou 3 dispositivos.
Leia também: ESC 2025 | AMALFI: Monitoramento Remoto para Detecção de Fibrilação Atrial.
Em 30 dias não foram observadas diferenças em termos de MAE (5% em mulheres vs. 9% em homens), nem de mortalidade cardiovascular, infarto, AVC, necessidade de diálise, sangramento severo ou reintervenção. No mesmo período, registrou-se uma redução significativa da IM em ambos os grupos: 97% apresentavam uma IM ≤ 2+ e 85% ≤ 1+, em ambos os casos acompanhados de gradientes baixos.
Em um ano de seguimento tampouco foram encontradas diferenças em termos de MAE (14%). O mesmo pode ser dito sobre a mortalidade cardiovascular (5%) o resto dos eventos, bem como a necessidade de reintervenção. Também foi baixa a taxa de re-hospitalização em ambos os grupos. A liberdade de morte foi de 92,1% nas mulheres e de 90,9% nos homens (p = 0,754), ao passo que a liberdade de hospitalização por insuficiência cardíaca foi de 91,7% e de 94,4%, respectivamente (p – 0,366).
A redução da IM se manteve estável em ambos os grupos, com 95% de pacientes com IM ≤ 2+ e 75% com IM ≤1+, acompanhados de um gradiente médio de 4 mmHg. Também foi observada uma redução significativa dos volumes telediastólicos e telessistólicos, uma diminuição da pressão sistólica da artéria pulmonar e do diâmetro atrial, juntamente com um aumento do volume de ejeção do ventrículo esquerdo. Tal melhora ecocardiográfica levou a um avanço na classe funcional e na qualidade de vida, tanto em mulheres quanto em homens.
Conclusão
No estudo CLASP IID, mulheres e homens tratados com o procedimento borda a borda mitral apresentaram uma elevada sobrevida em um ano, com baixa incidência de eventos maiores e re-hospitalização por insuficiência cardíaca, além de uma melhora ecocardiográfica, funcional e na qualidade de vida. Esses resultados confirmam que as mulheres alcançam uma efetividade e segurança comparáveis ao alcançado pelos homens no tratamento contemporâneo borda a borda da valva mitral.
Título Original: Sex-Specific Outcomes of Transcatheter Edge-to-Edge Repair for Degenerative Mitral Regurgitation: Results From the CLASP IID Trial.
Referência: Molly Szerlip, et al Journal of the Society for Cardiovascular Angiography & Interventions 4 (2025) 103713.
Subscreva-se a nossa newsletter semanal
Receba resumos com os últimos artigos científicos





