Título original: Moderate Procedural Sedation and Opioid Analgesia During Transradial Coronary Interventions to Prevent Spasm. A Prospective Randomized Study. Referência: Spyridon Deftereos et al. J Am Coll Cardiol Intv 2013;6:267–73.
O acesso radial tem se convertido no preferido para estudos diagnósticos e terapêuticos em vista da evidência de menores complicações vasculares, menor permanência hospitalar, menor sangramento e melhor resultado em síndromes coronárias agudas.
Uma limitação deste acesso é o espasmo que pode exigir mudar o acesso para femoral com o consequente aumento no tempo do procedimento e o risco de complicações, especialmente vasculares. Várias estratégias têm sido experimentadas para prevenir o espasmo incluindo a sedação, no entanto, até hoje isto não tem sido testado sistematicamente em um estudo que avalie a sua utilização na prática diária. O objetivo deste estudo foi testar a hipótese de que a administração rotineira de sedação e analgesia no começo do procedimento terapêutico por acesso radial poderia diminuir o espasmo.
Este estudo prospectivo randomizou 2013 pacientes (ptes) nos quais foi realizada angioplastia coronária por acesso radial a administração de 0.5 µg/kg de fentanil mais 1 mg de midazolam vs a não administração (grupo controle). Em todos os pacientes utilizou-se anestesia local com lidocaína somada à administração pelo introdutor de 100 µg de nitroglicerina e 2.5 mg de verapamil. O critério de avaliação primário foi a ocorrência de espasmo que foi objetivado com angiografia. Os critérios de avaliação secundários foram a incidência de sangramento, o nível de desconforto dos ptes e a morte ou nova hospitalização aos 30 dias.
A morte periprocedimento foi baixa e similar em ambos grupos (0.35% global). Não se observou nenhum caso de depressão respiratória que precisasse de ventilação mecânica. Reações alérgicas leves (rash cutâneo ou prurido) logo da administração de fentanil e midazolam (e antes do contraste) atingiram 1.1%. A reação paradoxal ao midazolam também foi pouco frequente com um 0.8%. O espasmo observou-se em 2.6% do grupo que recebeu sedação e analgesia vs. 8.3% do grupo controle (p<0.001). A redução relativa do risco de espasmo foi 68.7%. A necessidade de crossover à femoral também foi menor com a sedação (9.9% vs 15%; p=0.001). A incidência de espasmo associou-se a estatura baixa, baixo índice de massa corporal, sexo feminino, tabagismo, o maior intercâmbio de cateteres, maior tempo de procedimento e volumem de contraste. O procedimento resultou significativamente mais confortável para os que receberam sedação (p<0.001). A diferença de tudo que antecede, a morte ou nova hospitalização aos 30 dias e o sangramento maior resultaram idênticos entre os grupos.
Conclusão:
La administração rotineira de doses moderadas de midazolam e fentanil prévio a uma intervenção por acesso radial está associada com uma redução significativa do espasmo, a necessidade de crossover â femoral e a sensação de desconforto por parte dos ptes.
Comentário editorial:
Esta estratégia amplamente difundida e agora com a evidência de um estudo randomizado multicêntrico pode ser adotada definitivamente na prática diária. Por outro lado o relativamente alto número necessário a tratar (18) e o resultado idêntico em critérios de avaliação de segurança também fazem razoável a estratégia seletiva e não rotineira.
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