Título original: A randomised controlled trial of platelet activity before and after cessation of clopidogrel therapy in patients with stable cardiovascular disease. Referência: Ford I et al. J Am Coll Cardiol. 2013;E-pub ahead of print.
Alguns trabalhos prévios tinham sugerido um excesso de eventos cardiovasculares logo da suspensão do clopidogrel e que isto poderia ser devido a um efeito rebote na atividade plaquetária causada pela descontinuação da droga. De todas formas, nenhum destes trabalhos realizou uma medição da atividade plaquetária basal, pelo que a teoria do rebote nunca foi confirmada.
O presente trabalho randomizou 171 pacientes com doença coronária ou periférica estável que estavam recebendo aspirina, a receber clopidogrel ou placebo por 30 dias. Foram colhidas amostras de sangue no momento de começar o tratamento, imediatamente antes de suspender e aos 7, 14 e 28 dias logo da suspensão. As características basais de ambos grupos estiveram bem equilibradas.
A reatividade plaquetária medida pela adesão das plaquetas ao fibrinogênio estimulada por ADP diminuiu no grupo clopidogrel durante o tratamento e logo voltou gradualmente ao ponto basal com a suspensão. A reatividade plaquetária não se modificou no grupo placebo.
A reatividade medida no grupo clopidogrel resultou de 73.9% basal e 30.9% enquanto durou o tratamento. Logo de interromper foi aumentando progressivamente resultando de 69.2% aos 7 dias, de 75.6% aos 14 dias e de 77.3% aos 28 dias (p<0.0001 para todas as diferenças).
Também foram realizadas outras medições secundárias, incluindo a expressão plaquetária de P-seletiva induzida por ADP, nas quais foi observado o mesmo padrão progressivo com a única exceção da união ao fibrinogênio não estimulada.
Conclusão:
Este trabalho não achou evidências de um efeito rebote da atividade plaquetária acima da linha de base depois de suspender o clopidogrel em pacientes com cardiopatia isquêmica ou doença vascular periférica estável.
Comentário editorial:
Se bem que o efeito rebote nas medições de laboratório parece estar descartado, do ponto de vista clínico, poderiam se produzir eventos pela perda de proteção da droga mais do que por uma atividade plaquetária exagerada.
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